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Existe também o CBDC (Central Bank Digital Currency), que são moedas Fiat emitidas por Bancos Centrais em formato digital

Por Percival Jatobá  

Percival Jatobá – Vice-presidente de Soluções e Inovação da Visa do Brasil

Com a conversão acelerada do mundo físico com o digital – phygital – é natural e fascinante acompanhar a evolução das criptomoedas nos últimos anos.

A sensação é de que o assunto está se multiplicando, passando do domínio de especialistas em finanças e tecnologia para um público maior de investidores, empreendedores e consumidores.

Agora, vejo com otimismo um avanço importante também para dentro do ecossistema dos meios de pagamentos. A Visa vem buscando ocupar um lugar de destaque e protagonismo também nessa área financeira. 

Importante deixar claro que o conceito de digitalização do dinheiro já está em marcha há bastante tempo, com a crescente substituição das cédulas de papel, mesmo antes do lançamento das criptomoedas.

É só você parar e pensar quanto efetivamente no seu dia a dia utiliza papel moeda e quanto utiliza os chamados meios digitais e eletrônicos de pagamentos. 

Como o tema é novo e desafiador para muita gente, as dúvidas são frequentes entre os novatos desse universo. O bitcoin, por exemplo, é apenas uma das criptomoedas existentes no mundo.

Temos também, por outro lado, as stablecoins, projetadas para estabilidade e garantidas por moedas fiduciárias, como o dólar, indexadas e mantidas em reserva – não passíveis à volatilidade. Um exemplo dessas moedas é o USDC. 

Existe também o CBDC (Central Bank Digital Currency), que são moedas Fiat emitidas por Bancos Centrais em formato digital, no lugar de ou como complemento da moeda física.

Apenas os Bancos Centrais podem emitir CBDCs. Não costumam usar blockchain, mas podem conviver com essa plataforma. Os respectivos BCs mantêm reservas e depósitos como garantia. 

E o cenário evolui a cada dia. O importante é enxergar como mais um passo importante no caminho de digitalização do dinheiro, algo inevitável se pensarmos sempre em uma sociedade democrática, inclusiva e digital.

Por isso, é preciso garantir a transparência, sobretudo quanto à atuação de órgãos reguladores, a segurança e a conveniência no tratamento dessa nova forma de enviar e receber pagamentos. Estamos entusiasmados com o que temos pela frente. 

Em nosso primeiro projeto que roda nos EUA, a Visa pretende passar a permitir o uso da moeda USDC (uma stablecoin) habilitando mecanismos para liquidar esse tipo de transação sempre observando rígidos padrões de segurança.

Com isso, consumidores poderão optar em comprar usando moedas fiduciárias ou stablecoins, e estabelecimentos comerciais poderão acessar e integrar funcionalidades de criptomoedas em seus produtos e serviços. É um grande avanço se pensarmos que nossos clientes, sejam consumidores ou estabelecimentos comerciais, focam suas demanas em: inovação aberta e direito de escolha! 

A seguir, faço uma breve reflexão sobre alguns princípios que surgem quando falamos de criptomoedas: 

1. Bitcoin, stablecoin… afinal, qual é a diferença entre elas? 
Ambas são moedas digitais, mas com uma característica bem diferente: ao contrário das criptomoedas como bitcoin, que são voláteis por natureza, as stablecoins, como o próprio nome revela, são ativos de valor estável. Normalmente, são lastreadas em moedas fiduciárias. O USDC, por exemplo, tem sua referência no dólar americano. 

2. O que é um CBDC? 
Essa sigla em inglês significa Central Bank Digital Currencies, ou seja, são as moedas digitais criadas pelos Bancos Centrais. É uma resposta ao espírito descentralizador, sem intermediários, que norteou o nascimento das criptomoedas. De acordo com um estudo recente do Bank for International Settlements **, 70% de 63 Bancos Centrais entrevistados estudam as CBDCs, apesar de a maioria estar em um estágio inicial de desenvolvimento. O Digital Currency Electronic Payment na China é a primeira moeda digital emitida por uma grande economia. 

3. E o que blockchain tem a ver com tudo isso? 
Em linhas gerais, o blockchain também desenvolvido em 2008 por Satoshi Nakamoto é a rede aberta onde as criptomoedas são processadas, com exceção do CBDC. Essa estrutura é composta de blocos compartilháveis e imutáveis através de criptografia que têm a função de registrar transações e rastrear ativos. Por ser considerado um sistema praticamente inviolável, uma das vantagens é exatamente a segurança do processo.  

4. O que eu ganho, como emissor, empreendedor ou consumidor, ao aderir às criptomoedas? 
Mesmo com a popularização nos últimos anos, as criptomoedas ainda estão sob o domínio de nichos especializados em tecnologia e investidores. Mas tudo indica que esse cenário vai mudar em pouco tempo, principalmente à medida que elas estiverem cada vez mais presentes nas carteiras digitais dos consumidores, comerciantes e legisladores. 

5. Essa evolução representa o futuro do dinheiro? 
Finalizo com uma pergunta que funciona mais como provocação. Claro que não sou capaz de prever o que vem por aí. Mas, como disse no início deste artigo, a digitalização do dinheiro é um processo não tão recente assim. Lá no fim dos anos 1960, no famoso encontro de Sausalito , que já mencionei por aqui, líderes financeiros globais se reuniram para criar uma das mais importantes pontes que a comunidade mundial já conheceu: o primeiro sistema digital de troca de valores.  

De lá pra cá, estamos vendo uma aceleração desse movimento. Nosso papel é construir mais pontes a fim de tornar a rede ainda mais acessível para o crescente ecossistema de empresas criptonativas, cujas soluções são desenvolvidas do zero com moedas digitais. 

No estudo Visa COVID-19 Consumer Sentiment***, sobre as preferências dos consumidores durante a COVID-19 na América Latina e no Caribe, vimos que 25% dos consumidores que usam carteiras digitais estão dispostos a experimentar o uso de criptomoedas. 

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