Vejo em minhas apresentações uma confusão enorme entre privacidade e honestidade/integridade. As pessoas normalmente me dizem: “não sou bandido nem drogado, não tenho nada a esconder, logo, esta questão de privacidade não me afeta”.
Por David Ben Svaiter*
Como assim?
Privacidade não tem nada a ver com “não fazer nada de errado” – tem a ver com o seu exclusivo direito de partilhar ou não, como, quando e com quem desejar fazê-lo, algo que é de seu exclusivo domínio/propriedade.
Pergunto a estas mesmas pessoas várias questões que, invariavelmente, tratam de privacidade e sempre obtenho as mesmas respostas. Veja os exemplos:
– Você gostaria que eu (e não você) ganhasse dinheiro vendendo seu e-mail e/ou seus hábitos de Internet?
– Você gostaria que as fotos de sua família, tiradas neste feriado, fossem postadas por um desconhecido nas redes sociais?
– Você gostaria que aquela sua proposta comercial vazasse para o seu concorrente antes da licitação/tomada de preços que ambos vão participar?
– Você gostaria de saber que aquele seu projeto, que consumiu centenas de finais de semana e feriados, fosse devidamente registrado e apregoado como sendo do seu concorrente, só porque ele teve acesso às informações e foi mais rápido em divulgá-las?
– Você gostaria que seu trabalho de mestrado/doutorado fosse copiado por um colega antes de terminá-lo e apresentado como sendo dele?
– Você gostaria que sua opinião/estratégia comercial sobre um negócio e cliente, compartilhada num e-mail entre colegas, fosse inadvertidamente parar na mesa deste cliente, inviabilizando o negócio?
Todas estas questões remetem à privacidade – que é um direito seu e/ou de sua empresa
No momento que deixamos de reconhecer este DIREITO que quase todas as legislações modernas reconhecem (só as totalitárias é que não), deixamos a porta aberta perigosamente para todo e qualquer tipo de invasão – afinal, não tomaremos nenhuma medida preventiva contra a quebra deste direito que nem estamos acostumados a reconhecer.
Projetos, ideias, estratégias, iniciativas, tudo isso é algo privativo. Tomam tempo, recursos, horas que poderiam ser em família ou lazer, para serem imaginados, elaborados, analisados, e por fim criados.
Gerar informação custa dinheiro e possui valor agregado por isso
Não deixe que outros furtem um pedaço importante de sua vida só porque acredita que sendo honesto, íntegro e trabalhador não tem nada a esconder – tem sim, pois se não o fizer, outro vai usar isso em proveito próprio, furtando-lhe o direito de usufruir do que criou.
Se você precisa de uma ajuda para manter a privacidade de seus negócios e ideias, que é o SEU DIREITO inalienável, tenho uma recomendação a fazer: criptografia. Esta é fronteira final de proteção, pois mesmo que este dado seja furtado (e ele será, não se engane), o usurpador não terá como obter lucro ou vantagens com isso.
– Economista pela UFRRJ com especialização na Ciência da Computação.
– Diretor de Segurança da Informação & Criptografia da Big Blue Services Ltda.
– Engenheiro de Software com mais de 30 anos de experiência.
– Formação de Auditoria de Sistemas (EDP Auditor), tendo exercido cargos no Chase Manhattan Bank no Brasil.
– Estudioso autoditada de criptografia desde 1988, tendo se especializado nesta área