Inovadores com menos de 35 anos Diego Aranha, 32, criou uma plataforma para que a sociedade fiscalize o resultado das eleições
Diego Aranha.Crédito: Fernanda Alcântara Andaló
Em 2012 como professor da Universidade de Brasília, Diego Aranha foi convidado para participar dos testes públicos de segurança da urna eletrônica organizados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Em poucos minutos, a equipe coordenada por ele encontrou a primeira vulnerabilidade da urna eletrônica. Eles comprovaram que não existe garantia do sigilo do voto e há a possibilidade de manipulação dos resultados, constatando que o equipamento não é tão seguro como pensa a sociedade.
Nascia assim o projeto vocefiscal.org, uma plataforma criada por Aranha para fiscalizar o resultado das eleições, viabilizado por meio de doações de dinheiro pela internet e de execução colaborativa, dos eleitores.
Um aplicativo desenvolvido para celulares permitiu que o eleitor pudesse fotografar o boletim da urna (BU) com sobreposição de fotos (o documento é comprido e não cabe em uma foto apenas) e validá-las em um único registro. O Você Fiscal recebe as fotos e compara os documentos com os resultados das eleições.
O boletim de urna é um extrato com a totalização eleitoral de votos por candidato de cada uma das urnas eletrônicas que o fiscal eleitoral imprime às 17 horas, quando é encerrada a votação, e coloca na porta de cada seção eleitoral.
No segundo turno das eleições de 2014, o Você Fiscal reuniu as fotos e comparou com os dados publicados pelo TSE. Foi coletado mais de 100GB em imagens de Boletins de Urnas, o que permitiu conferir 4,1% do total de votos ou 4,6 milhões.
“Quando a gente foi conferir com o resultado da Justiça Eleitoral, nós encontramos um número razoável de divergências. Faltava determinar se isto era evidência de fraude ou apenas uma imprecisão na hora de extrair informações do boletim de urna”, diz Diego Aranha. Segundo ele, as divergências não se confirmaram.
“Nossos objetivos foram retomar a discussão sobre o voto eletrônico, explicar para as pessoas como funciona o sistema de votação e fazer, de fato, a conferência dos votos”, conclui Aranha. Porém para ele o maior impacto foi conseguir que em 2016 a Justiça Eleitoral implante a leitura do boletim de urna por QR Code.
“Este projeto tem como objetivo promover a segurança, integridade e transparência do voto eletrônico”.
É extremamente relevante para processos eleitorais em países como o Brasil, onde a transparência governamental tem sido uma questão social, econômica e política. É um esforço que deve servir de exemplo e influenciar economias emergentes e países desenvolvidos”, comenta Ingrid Stoeckicht, diretora executiva do Instituto Nacional de Empreendimento e Inovação do Brasil (INEI) e co-fundadora da Aceleradora 2.5
“Este projeto em segurança, privacidade e credibilidade do voto no Brasil é notável. Seu trabalho impacta todos os 204 milhões de brasileiros que confiam na votação eletrônica, que não é auditada como deveria ser. Você Fiscal é uma plataforma que permite monitorar as eleições de uma maneira descentralizada”, comemora Ronaldo Lemos, apresentador do programa Navegador da Globonews, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro e advogado. –Ricardo Meyer
Fonte: Technology Review
