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Não há ficção na Internet das Coisas

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7 de julho de 2017

Em 1950 Isaac Asimov, grande escritor de ficção, publicou o livro “Eu, Robô”. Este livro contém nove histórias, além de apresentar as três leis fundamentais da robótica.

Diego Moicano

Por Diego Moicano

Seu primeiro conto é sobre a história de Robbie, um robô babá que ganha a amizade de Gloria, a filha do casal. Seus pais, indignados, não concordam com tal amizade e a questionam de forma discriminatória: como pode um robô, uma máquina sem sentimentos e que foi feito para receber ordens, seguindo, é claro, as três leis fundamentais, ser o melhor amigo da sua filha?

Homens e máquinas são seres totalmente diferentes, mas Asimov estava consciente de que a humanidade começara a ter uma relação mútua com elas. De fato, quando seu livro foi publicado o ENIAC (Electronic Numerical Integrator And Computer), o primeiro computador do mundo, estava completando quase três anos de funcionamento.

Se recuarmos no tempo ainda mais, o primeiro robô data de 1924: uma simples unidade que podia ligar, desligar, ou regular qualquer coisa conectada a ele de forma remota através do sistema de telefonia. Recuando mais um pouco, durante a Segunda Revolução Industrial, meados do século XIX, temos trabalhadores sendo substituídos por máquinas automatizadas.

Pergunta-se: por qual motivo a homem precisa humanizar ou “dar vida” as coisas? Para não se sentir sozinho? Para prosperar? Otimizar seus serviços? Ganhar mais e gastar menos? Ganância, poder, controle?

Asimov, em seu último conto, “O Conflito Inevitável”, narra a guerra entre as máquinas e a humanidade. Semelhantemente, as revoluções industriais deixaram centenas de pessoas desempregadas e famintas.

Será que as máquinas, robôs, ou coisas estão sempre conspirando contra a humanidade?

As Coisas e a Internet

Segundo o dicionário Michaelis coisa é: 1. Tudo o que existe ou pode existir; 2. Um objeto inanimado em oposição a um ser vivo.

Portanto, podemos seguramente dizer que uma mesa é uma coisa, cadeira também, garrafa, tênis, maçaneta, câmera de filmar são exemplos de coisas e, com base nisso, e na definição acima, um computador também é uma coisa, por outro lado, um robô não é, pois viola o segundo item.

O fato é que o primeiro computador, ou a primeira coisa feita para realizar processamento de cálculos matemáticos surgiu na antiga Mesopotâmia com o ábaco.

Assim como o ábaco, que permitia cálculos decimais com certa rapidez através de suas pedras, o ENIAC realizava 5000 cálculos por segundo com resultados seus luminosos.

Interligando os computadores a primeira rede foi criada pela ARPA (Advanced Research Projects Agency) em plena Guerra Fria. A ARPANET era uma alternativa de meio de comunicação norte-americana entre militares. Depois a internet se expandiu: conectando universidades distantes, países, pessoas e as coisas.

A Internet das Coisas

Com o avanço enorme da Internet, principalmente com as redes sem fio, WiFi, o leque de controle das coisas aumentou e muito.

A “Internet das Coisas”, como vem sendo chamada, tem como premissa tornar as coisas conectadas à Internet.

De fato, basta fazer uma rápida pesquisa que logo veremos empresas prometendo e empreendendo em produtos “inteligentes” como, aparelhos domésticos; fechaduras que abrem e fecham portas através de smartphone; o próprio smartphone, uma evolução do telefone, além de capacetes, câmeras, tênis enfim mil e uma possibilidades proporcionadas pelo avanço da internet das coisas.

Talvez, em breve, a definição de coisas nos dicionários terá que mudar para algo assim: coisa é tudo aquilo que existe; objeto inanimado e que não esteja conectado à Internet.

Segurança da Internet das Coisas

A questão de conectar tudo quanto é coisa pode trazer riscos para usuários. Claro, pode-se enumerar suas inúmeras vantagens, mas a questão não é essa.

Com tudo conectado não é difícil de se imaginar ataques contra as coisas com as quais podem ser praticados: pessoas mal-intencionadas podem invadir sistemas de automóveis e provocar graves acidentes de trânsito; fechaduras inteligentes podem ser destravadas quando mal configuradas; câmeras de segurança podem ser invadidas a fim de obter um mapa de um determinado local, um banco, por exemplo.

Em setembro de 2016 um ataque de DDoS (Distributed Denial of Service – Negação de Serviço Distribuído) descomunal, considerado um dos maiores da história, contra a OVH, foi feito por câmeras conectadas e aparelhos DVR (Digital Video Recorder – Gravador de Vídeo Digital). Estima-se que quase 150 mil câmeras tenham participado neste ataque.

Uma notícia mais recente foi do dia 17 agora quando o FBI fez um alerta aos pais sobre “brinquedos inteligentes”: caso estes brinquedos fossem comprometidos, seria possível coletar conversas, compartilhar informações como os nomes das crianças, escolas, localizações etc, ou seja, isso facilitaria sequestros ou então casos de abuso infantojuvenis.

A Internet das Coisas pode trazer muitas facilidades, comodismo e avanço em nossas vidas, mas não devemos descartar o perigo que ela carrega.

Quando Asimov publicou seu livro, muitos viram uma fantástica história de ficção científica. Talvez não tenhamos uma guerra entre robôs e homens, mas uma revolução das coisas. Desta forma se faz necessário a implementação de métodos de segurança nas coisas e um mecanismo eficiente de proteção: se alguma coisa, literalmente, tiver seu comportamento alterado, então ela será imediatamente desconectada da internet, voltando a ser, de fato, uma coisa.

Foto: Divulgação do Filme “Eu Robo”.

*Diego Moicano | Diego Pires de Azevedo Gonçalves, é Especialista em Segurança de Redes de Computadores, formado em Licenciatura em Ciências Exatas pela Universidade de São Paulo (USP), campus de São Carlos; graduado até o quinto, de seis semestres, em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, pelo Instituto Federal de São Paulo (IFSP), campus de São Carlos. É professor de informática, física, matemática, ciências e astronomia. Penetration tester e perito forense computacional. É analista de remoção de malware no fórum do Clube do Hardware (desde 2007); foi analista de malware no grupo Análise e Resposta a Incidentes de Segurança – Linha Defensiva (2012-2016). É Eliminator UNITE (Unified Network of Instructors and Trained Eliminators) e membro da extinta ASAP (Alliance of Security Analysis Professionals).

Trabalha de maneira autônoma e também pela TrancaBit, além de ser sócio-fundador.