Grandes players centralizam talentos de TI e quem paga o preço é o mercado
21 de novembro de 2022A pesquisa mostra que a retenção dos talentos atuais é relatada como o maior desafio para as empresas, juntamente com a remuneração
Por Adriano Silva
A velocidade com que a indústria de tecnologia está se transformando deixou muitas empresas lutando para encontrar e reter pessoas com as habilidades certas para enfrentar os desafios presentes e futuros.
Uma recente pesquisa da Equinix, feita com 2.900 tomadores de decisão de TI em diversas corporações nas Américas, dentre elas empresas brasileiras, mostrou que os líderes de TI têm sérias preocupações sobre esse processo e que estão buscando ampliar o banco de talentos, trazendo candidatos mais diversificados por meio de iniciativas alternativas de recrutamento.
Em uma resposta à escassez de habilidades, muitas empresas estão trabalhando duro para requalificar o capital humano de outras indústrias. No entanto, desenvolver essas capacidades em colaboradores externos pode ainda ser um desafio.
Apesar de trazerem um pool maior de profissionais do setor com promessas de possibilidade de treinamentos, muitas das pequenas e médias empresas do segmento encontram dificuldades em sua implementação.
Sintoma disso, uma porcentagem maior de tomadores de decisão de TI, identificaram de acordo com o levantamento, uma lacuna de qualificação, cuja áreas abarcam especialidades setoriais em proteção de dados (35%), IA e machine learning, ou aprendizado de máquina (29%), computação em nuvem (27%) e segurança administrativa (26%) até 2025.
Com isso, prevê-se que o cenário tecnológico no Brasil possa passar por uma guerra industrial em torno da busca por recursos humanos capacitados nessas áreas.
A pesquisa mostra que a retenção dos talentos atuais é relatada como o maior desafio para as empresas, juntamente com a remuneração, que afasta esses potenciais talentos das microempresas que estão atrás de recursos e aportes e as levam a grandes marcas e empresas de tecnologia.
Para lidar com a escassez de habilidades tecnológicas, as empresas também estão procurando terceirizar seus requisitos de TI para provedores de serviços em nuvem, integradores de sistemas e provedores de serviços de data center como outras opções para superar esse desafio.
Entretanto, isso pode gerar questões mais complexas quanto à segurança.
Mapear as habilidades certas é um problema real na indústria de tecnologia, especialmente no lado do software.
A realidade é que, com a softwarização dos serviços, todas as indústrias estão buscando as mesmas habilidades.
Um dos malefícios causados em consequências disso é a falta de conscientização entre os jovens talentos sobre as oportunidades disponíveis no setor de tecnologia.
Provedores de conectividade não aparecem em muitos casos de uso – mesmo aqueles em nível universitário – apesar de todo o trabalho que está sendo feito em áreas como satélite e fibra óptica.
Para mudar este cenário, há a necessidade de se pensar em estratégias de forma a levar em conta a colaboração das empresas no fomento de uma base diversificada de operações e características específicas dos profissionais.
Para isso, os líderes de TI precisam firmar parcerias com instituições de ensino superior, que incluem a terceirização de seus programas de treinamento corporativo para essas instituições.
Um bom exemplo, é o programa de estágios promovido pela São Paulo Tech School que está vinculado a diversas marcas do setor bancário, nas quais os seus alunos trabalham como forma de pagar a mensalidade da organização e em contrapartida, as empresas têm o selo de qualificação de uma das maiores entidades de desenvolvimento e análise de sistemas do país.
Desse modo, oferecendo bolsas de estudos para aqueles que ingressaram após a graduação, a possibilidade de estágios para estudantes e a execução de programas para treinamento colaborativo permite que o ecossistema de segurança cibernética se desenvolva como um todo, desde as camadas mais gerais até os grandes players.
Esse embate de realidades dá à nossa indústria a oportunidade de recrutar e desenvolver talentos de diferentes maneiras, e isso é algo que temos trabalhado para superar nos últimos anos.
Acredita-se que as empresas devem promover um roteiro progressivo de desenvolvimento de talentos para funções de tecnologia que atenda tanto a candidatos inexperientes quanto aos treinados e isso se efetiva cada vez mais na prática.
Todos devem fazer esforços significativos para requalificar, aprimorar e reter os talentos existentes. Treinamento regular, certificações e incentivos atraentes podem ajudar muito, tanto aos jovens, como aos experientes.
Entretanto, é importante aliado a isso, aumentar a conscientização e tomar medidas agressivas no combate a centralização de mãos de obra, visto que isso prejudica e cria lacunas que podem ser exploradas no mercado brasileiro em geral, assim como em outras regiões.
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Sobre Adriano da Silva Santos
O jornalista e escritor, Adriano da Silva Santos é colunista colaborativo do Crypto ID. Formado na Universidade Nove de Julho (UNINOVE). Reconhecido pelos prêmios de Excelência em webjornalismo e jornalismo impresso, é comentarista do podcast “Abaixa a Bola” e colunista de editorias de criptomoedas, economia, investimentos, sustentabilidade e tecnologia voltada à medicina.
Adriano Silva (@_adrianossantos) / Twitter
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