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Governo quer startups de defesa contra espionagem

22 de outubro de 2013
Estratégia foi revelada com exclusividade ao Link por secretário do Ministério da Ciência e Tecnologia em evento de cibersegurança na Coreia
21 de outubro de 2013 
Ligia Aguilhar, Enviada Especial / SEUL – 
O Estado de S.Paulo
O Brasil vai investir em startups para desenvolver novos sistemas na área de defesa e cibersegurança. Um novo edital do programa Start-Up Brasil, a ser lançado no início do ano que vem, vai incluir uma linha de financiamento especial para negócios nessas áreas, afirmou o secretário de Políticas de Informática do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, Virgílio Almeida, em entrevista exclusiva ao Link durante a Conferência do Ciberespaço 2013, em Seul, na Coreia do Sul.
O governo pretende incluir entre 10 e 15 startups de defesa, além das 50 já selecionadas a cada semestre por edital, para receber até R$ 200 mil em bolsas do CNPq, além de capacitação e investimento inicial por aceleradoras participantes.
“Estamos trabalhando com questões muito rápidas e complicadas (na internet). Precisamos de gente para responder a isso com agilidade e as startups estão nesse caminho”, afirmou.
Ainda não foram definidos os critérios para seleção das empresas, mas Virgílio diz se interessar por trabalhos que envolvam criptografia.
A ideia é inspirada no Pentágono, que tem funcionado como uma incubadora de novos negócios no segmento de proteção a ciberameaças. O Departamento de Defesa dos EUA tem procurado programadores no Vale do Silício, na Califórnia, para desenvolver tecnologias de proteção contra espionagem e ataques virtuais e levado ex-funcionários especializados para a Califórnia para aprenderem a criar negócios. Em 2012, o país investiu mais de US$ 1 bilhão em startups de segurança.
Um exemplo na área é a Synack, desenvolvedora de um sistema que busca vulnerabilidades nos computadores de agências governamentais e empresas privadas, fundada por dois ex-funcionários do Pentágono e que levantou US$ 1,5 milhão em investimento.
Ao lado de ações como a votação do Marco Civil da Internet e a criação de um serviço de e-mail nacional com criptografia, o apoio a novos negócios com base tecnológica tentar minimizar o impacto do escândalo da espionagem norte-americana revelado pelo ex-agente da CIA Edward Snowden.
A efetividade dessas ações, porém, é questionada. O diretor do Centro Internacional de Estudos Estratégicos (CSIS), James Andrew Lewis, que já trabalhou para o governo americano e é um dos principais especialistas de cibersegurança do país, disse que “Rússia, EUA, Reino Unido, Israel e os principais criminosos da web podem bater qualquer sistema existente na área de segurança”. “Se você quer fazer isso (investir em tecnologias de segurança) por questões econômicas envolvendo negócios, tudo bem, mas como estratégia de segurança, esqueça”, afirmou.
Ativistas como Julian Assange, do Wikileaks, no entanto, já haviam sugerido ao Brasil que desenvolvesse um sistema próprio de criptografia como única forma segura de defesa contra a espionagem. Lewis diz que a questão da vigilância depende mais de negociações políticas entre os países e do estabelecimento de princípios para governança da web.
Polarização. A falta de normas internacionais que promovam a governança da internet foi a principal discussão dos líderes de 40 países em Seul. A oposição entre uma internet mais aberta ou fechada voltou à tona no evento, assim como a defesa de uma menor influência dos Estados Unidos – que integra instâncias decisórias na Icann, responsável por administrar os domínios da rede no mundo – sobre a rede. Enquanto países ocidentais liderados pelo Reino Unido defendem um território neutro, que não necessita de controle governamental para operar, China e Rússia continuam a favor da interferência do Estado.
O Brasil aproveitou o momento para colocar uma terceira via no debate e reforçar os pontos defendidos por Dilma Rousseff na Assembleia Geral das Nações Unidas, pedindo uma governança que respeite os princípios dos direitos humanos e que tenha a ONU como reguladora do papel dos Estados em relação à tecnologia. “Estamos propondo o modelo de vigilância multilateral com participações múltiplas e de igual peso”, afirmou o secretário Virgílio.
O documento final com todas as discussões da Conferência será usada como manual de boas práticas e princípios a serem praticados no ciberespaço.

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