Crypto ID entrevista: Júlio Mendes – Mercado de tecnologia para 2022
17 de dezembro de 2021Abordamos nesse encontro alguns pontos de destaque desses últimos dois anos e a visão do executivo sobre o mercado de tecnologia para 2022
O mercado de tecnologia de um modo geral evoluiu muito nesses últimos anos e em especial as tecnologias que prestam suporte ao relacionamento no mundo virtual.
Pensando nisso, convidamos para conversar Júlio Mendes, diretor Comercial da Soluti Digital, que é uma das maiores empresas brasileiras de tecnologia voltadas para identificação digital de pessoas, máquinas, empresas e equipamentos.
Abordamos nesse encontro alguns pontos de destaque desses últimos dois anos e a visão do executivo sobre o mercado de tecnologia para 2022.
Crypto ID: Júlio, nesses dois últimos anos surgiu uma série de demandas relacionadas a tecnologia e hoje em especial vamos abordar as que estão relacionadas à identificação digital de pessoas para dar suporte às transações digitais que nesse período tiveram um grande aumento. Qual foi o grande desafio que as empresas de certificados digitais tiveram que vencer para cumprir a demanda do mercado nesses dois últimos anos?
Júlio Mendes: Os desafios, em primeira ordem, foram os normativos, superados em conjunto com o regulador. O Comitê Gestor da ICP-Brasil foi o responsável pela modernização da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira, que já tem 20 anos no mercado.
Ao longo dessas duas décadas, principalmente na pandemia, muitas tecnologias apareceram, que contribuíram para a modernização. O primeiro passo foi atualizar o arcabouço legal e normativo.
Na sequência, outro desafio foi adaptar a tecnologia e o dia a dia da companhia à nova realidade, que trazia uma série de novidades tecnológicas. Tivemos um tempo curto para estudar, desenvolver e implementar as inovações no processo de emissão de Certificado Digital.
O terceiro, e talvez o maior de todos eles, foi colocar o cliente em primeiro lugar e proporcioná-lo uma jornada segura na aquisição e aplicação do Certificado Digital.
Crypto ID: Para atender pessoas físicas e jurídicas vocês customizaram algumas soluções, como por exemplo para o setor de saúde com o objetivo de mais agilidade, principalmente aos médicos na assinatura de prescrições médicas digitais. Poderia falar sobre essas soluções?
Júlio Mendes: Mesmo antes da pandemia, nós já nos preocupávamos com a jornada do usuário. Entendemos que a evolução do Certificado Digital, assim como outros segmentos, entregaria mobilidade.
Porém, fomos pioneiros na Certificação Digital em nuvem, ou seja, em associar o Certificado ao celular do cliente. Ele fica disponível em um lugar seguro e o usuário pode usar as assinaturas por meio de um aplicativo instalado no aparelho telefônico. Para que o sistema funcionasse perfeitamente, apostamos na integração com as aplicações.
A plataforma de prescrição digital é um exemplo. Assinar um documento com a plataforma integrada ao Bird ID nos possibilita entregar uma forma de assinatura muito mais simples. O usuário digita um código que aprece na tela do celular e o documento estará assinado.
O processo foi iniciado há cinco anos, antes mesmo da pandemia. A aceleração veio ao encontro da estratégia da Soluti. Tínhamos muitas integrações e por isso crescemos bastante, principalmente no setor da saúde. No mundo jurídico, ampliamos consideravelmente o número de usuários.
O ministério público, por exemplo, foi um dos órgãos que adotou a tecnologia em nuvem por facilitar o trabalho dos servidores e possibilitar uma utilização mais ampla, não somente pelo computador.
Os profissionais que estão viajando e só têm acesso ao celular conseguem assinar o documento, situação impossível quando tratávamos de certificado em token ou smartcard.
Crypto ID: Outros setores, como os escritórios de advocacia, administração e o setor imobiliário, intensificaram o uso dos documentos eletrônicos com o valor legal em seus processos. A alternativa – entre aspas – forçada, em trocar a caneta pelos certificados digitais ICP-Brasil fez com que as empresas experimentassem a redução de tempo para a finalização dos negócios, redução de gastos, melhoria na gestão dos contratos e melhoria da prestação de serviços entre outras muitas vantagens que vocês já falam há anos. Qual é sua visão em relação a percepção dos benefícios proporcionados pela certificação digital. O mindset sobre a tecnologia finalmente foi modificado?
Júlio Mendes: Tivemos uma intensificação enorme do uso de transações em meios digitais. As assinaturas vieram de carona, se tornaram itens essenciais e apresentaram aumento significativo.
A partir delas, é possível fechar negócios como, por exemplo, a concretização da compra de um imóvel pelo meio digital, com a assinatura eletrônica do contrato. Em setembro de 2020, foi editada a lei 14.063, que traz determinações sobre as assinaturas eletrônicas no Brasil.
Ela foi um divisor de águas, já que estabeleceu três níveis de segurança: a assinatura simples, a avançada e a qualificada. Quando falamos de assinaturas qualificadas, estamos nos referindo àquelas produzidas através de um certificado digital ICP-Brasil.
O que tem ficado claro a cada dia é o tipo ideal para cada finalidade. Por outro lado, a lei ainda gera dúvidas para o usuário, na determinação de qual assinatura deve empregar.
O nível de segurança ao atribuir a autoria de uma assinatura precisa ser melhor compreendido pelo mercado. Não podemos ainda afirmar que houve uma mudança no mindset sobre tecnologia. A lei foi aprovada há pouco tempo e o mercado ainda está em processo de adequação e entendimento.
Crypto ID: E houve amento de emissão para pessoas físicas? O que mudou nesse segmento de usuários de certificados digitais ICP-Brasil?
Júlio Mendes: Houve um aumento em alguns segmentos e podemos citar como exemplo os médicos. O profissional que atende por telemedicina e necessita fazer uma prescrição digital precisa utilizar a assinatura eletrônica qualificada, como previsto na lei 14.063.
O percentual de médicos utilizando assinatura digital aumentou consideravelmente. Eles adquirem a assinatura porque existe uma finalidade recorrente.
A discussão da massificação do uso de certificado digital não acontece, caso não haja aplicações. O número de pessoas físicas aumentou, mas em amostras bem específicas de profissionais, em setores nos quais é necessário o uso da assinatura eletrônica mais segura que existe. Não observamos o mesmo comportamento com os demais usuários.
Crypto ID: Então pelo que você explicou, surgiu um novo perfil de usuários do certificado digital ICP-Brasil que precisa do certificado para um período de tempo inferior ao que se comercializa atualmente no mercado que é de 1 a 5 anos de validade. Com esse novo tipo de uso do certificados digitais ICP- Brasil surgirá também novos modelos comerciais?
Júlio Mendes: Temos uma nova modalidade que é o certificado digital por serviço. O usuário faz um certificado digital que chamamos de Bird Trial, que possibilita trinta dias de uso e o custo é zero.
O produto tem validade de cinco anos, como os demais. Porém, o vínculo não é com a validade, mas com a utilização do certificado.
No trigésimo primeiro dia, haverá sinalização de que o período de teste foi encerrado. Para que o usuário possa continuar a usufruir do serviço, será necessário realizar uma recarga adequada ao seu modelo de negócio. Temos uma modalidade que permite mais cinco utilizações, por exemplo.
Há dois perfis de cliente pessoa física: o esporádico e o frequente. O primeiro usará pontualmente em uma assinatura no cartório, em uma transferência de imóvel ou assinatura de contrato.
Não faz sentido a compra de um certificado de uso ilimitado, é mais vantajoso pagar pelo uso pontual. Esse modelo de uso por serviço já está disponível. No caso do segundo tipo, o ideal é que seja adquirida a modalidade de uso ilimitado.
Crypto ID: A Soluti hoje desponta como uma das principais empresas de identificação digital no Brasil e você tem unido forças por meio de parcerias e aquisições para incrementarem o portfólio da Cia. Quais foram as principais parcerias e aquisições desses últimos dois anos?
Júlio Mendes: Entre as parcerias realizadas está a DTO Sistemas, empresa especializada em interoperabilidade de dados de saúde e desenvolvedora de uma plataforma (DataOpera) para repositório de dados clínicos.
Com essa solução, é possível reunir dados, resgatar o histórico e compartilhar as informações dos pacientes de forma segura. Outro importante investimento foi feito na startup Facilita, responsável pelo desenvolvimento do App Facilita, que simplifica os negócios imobiliários e permite realizar todo o processo de venda de um imóvel em uma experiência 100% online.
A ferramenta é integrada ao Assine Online, plataforma para assinatura eletrônica de documentos da Soluti, e possibilita que se realize todas as etapas comerciais de forma totalmente digital.
Além dessas empresas, a Soluti realizou um aporte na Dinamo Networks, fabricante brasileira de hardware criptográfico, para a distribuição do DINAMO Pocket – um HSM portátil do mercado para guarda segura e gerenciamento de múltiplos Certificados Digitais. Recentemente, a Rhizom integrou-se ao portfólio Soluti.
A startup criou o primeiro protocolo de Blockchain da América Latina e desenvolveu um ecossistema que mescla tecnologias como blockchain, inteligência artificial e outras relacionadas a ativos digitais, para que empresas, fornecedores, profissionais e clientes possam interagir livremente para troca de valores.
Crypto ID: A videoconferência para a emissão dos certificados digitais ICP-Brasil foi uma conquista do setor porque simplificou o processo. Vem por aí a AR eletrônica, o que essa novidade vai agregar aos processos atualmente praticados?
Júlio Mendes: Vai simplificar ainda mais a vida do usuário, que poderá solicitar a validação da sua identidade por meio de um autosserviço, seja por aplicativo ou token. Avaliamos que haverá um forte crescimento da ICP-Brasil. A AR eletrônica será revolucionária e, a partir dela, poderemos discutir a massificação do uso de assinatura digital qualificada.
Crypto ID: A ICP-Brasil vem batendo recordes de emissão todos os meses, pensando nisso qual é a expectativa do número de emissões do setor para 2022 e em especial o da Soluti?
Júlio Mendes: Ainda não é possível calcular com exatidão. Caso seja implementada a AR eletrônica no início do próximo ano, teremos demandas represadas. Grandes demandantes de aplicações voltam a discutir a utilização do Certificado Digital.
Nesse contexto, a prospecção é passar de 50 milhões de certificados emitidos. Haverá um grande salto, já que a expectativa para o fechamento deste ano é de 7 milhões.
Caso a implementação leve mais tempo para acontecer, seguiremos no ritmo atual. Neste ano, a Soluti cresceu 53% no número de emissões no período de janeiro a agosto, em comparação a 2020.
A implantação da AR eletrônica é que vai decidir o cenário. Ela está prevista para 2022, mas ainda não sabemos quando entrará em vigor.
Crypto ID: E em termos de faturamento o que significa?
Júlio Mendes: A expetativa é sair do patamar de 30% a 40% do crescimento esperado e alcançar mais de 50% em incremento de receita.
Essas aplicações serão realizadas em nível B2B. O usuário terá custo zero com tudo. Como os resultados no B2B demoram a aparecer, é possível que sejam contabilizados apenas em 2023.
Outro fator que vai interferir diretamente no faturamento é o movimento de internacionalização, já em curso na Soluti.
Estamos com planos de realizar duas operações no exterior, em 2022, mas teremos uma previsão mais concreta no decorrer do ano, uma vez que diversos fatores podem incidir sobre o faturamento.
Sobre Soluti
A Soluti é uma IDTech que fornece soluções inovadoras em Identidade Digital e Assinaturas Eletrônicas.
O Grupo Soluti nasceu em abril de 2008 como uma pequena prestadora de serviço na área de Certificação Digital, em Goiânia (GO). Começou com o sonho de 3 irmãos empreendedores: Cassio Sousa, Flavia Sousa e Vinicius Sousa. A empresa deu seu primeiro grande salto ao se tornar produtora e vendedora de Certificados Digitais, concorrendo diretamente com os grandes players do mercado. Em 2012, se tornou uma Autoridade Certificadora de Nível 1, a primeira fora de São Paulo.
Com uma política comercial agressiva, em pouco tempo já estava praticamente em todos os Estados brasileiros. O Grupo Soluti detém hoje 40% do mercado nacional de Certificados Digitais, com aumento médio anual de 15% a 20% desde 2015.
Nos últimos anos, o Grupo Soluti vem mudando o seu perfil, ampliando-o para uma empresa de soluções tecnológicas. Com aproximadamente 600 colaboradores diretos no País, tem expandido a sua atuação no mercado por meio de aquisições de empresas que são referências no setor. Neste ano de 2024, criou a Everest Digital e passou a oferecer aos seus clientes o primeiro Data Center Tier III na Região Centro-Oeste do Brasil. Também neste ano adquiriu a empresa Identity del Peru S.A, proprietária da plataforma de assinatura Intellisign, dando um importante passo para a sua internacionalização.
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