A CryptoRave, é provavelmente a maior conferência sobre criptologia e privacidade na Internet da América Latina.
Começou nesta sexta-feira dia 24 aqui em São Paulo. O movimento foi grande por lá. Milhares de pessoas, incluindo jovens programadores, ativistas, hackers e os que se intitulam “Cyberpunks” participaram da maratona de 24 horas entre workshops, treinamentos, palestras, mesas-redondas cujo tema central foi a criptografia para evitar a espionagem dos governos.
Edward Snowden continua a ter um papel de destaque na discussão global em torno dos direitos de vigilância na Internet
O movimento crypto decolou no Brasil e na América Latina, há dois anos. Ativistas ainda estão preocupados com o tipo de vazamento dos EUA revelado por Snowden, mas cada vez mais, nós brasileiros estamos discutindo as nossas questões nacionais.
“Eu creio que tudo começou graças a Edward Snowden que revelou ao mundo o que os EUA estavam fazendo e agora todos mundo querem entender: Oh, o que o meu governo está fazendo com os meus dados no meu país? ” Diz Katitza Rodriguez, diretora de direitos internacionais do grupo de defesa de direitos digitais Electronic Frontier Foundation e uma das principais palestrantes dessa edição da CryptoRave.
E as revelações feitas por Snowden sobre o monitoramento da NSA envolvendo a Petrobrás e a presidente da república Dilma Rousseff fomentaram a mídia nacional o que serviu de base para as discussões em torno da criptologia no Brasil.
Segundo Gustavo Gus, um jovem de 28 anos e organizador do festival CryptoRave, “Se um acordo diplomático entre o Brasil e os Estados Unidos não impediu a fiscalização destas figuras poderosas, o que acontece com um cidadão comum? Isso é o que realmente tocou as pessoas.”
Não demorou muito para que os grupos de direitos digitais começassem a virar a sua atenção para o seu próprio governo. Ativistas se revoltaram com o monitoramento durante a Copa do Mundo feita pela Agência Brasileira de Inteligência na mídias sociais como: Facebook, Instagram, Twitter e WhatsApp.
Agora, com as Olimpíadas em 2016, há uma expectativa generalizada de que a vigilância doméstica será intensificada.
Falou-se também muito sobre privacidade e “neutralidade da rede” com base no Marco Civil e as muitas brechas ainda existente na normativa.
Sergio Amadeu, professor de ciência política da Universidade Federal do ABC e um dos principais defensores de direitos digitais no Brasil, disse em sua palestra que acredita na importância da CyptoRave, pois ele considera que estamos num momento “tenso” que se debate sobre privacidade na Internet e segurança no país.
“A CryptoRave é uma demonstração de que as pessoas acreditam em liberdade e que a privacidade não morreu”.
“As pessoas não aceitam ser vigiadas o tempo todo. É uma mensagem para as forças que querem controlar tudo, seja nos Estados Unidos ou no Brasil. “