Blockchain para quem? Como seria se o sistema de vacinação brasileiro estivesse na rede de dados imutáveis
16 de maio de 2023Existe tecnologia disponível capaz de lidar com todos os dados gerados pela demanda da vacinação no Brasil?
Por Dan Stefanes
O Brasil tem o maior sistema público de saúde do mundo. Atende cerca de 190 milhões de pessoas, sendo que 80% delas dependem exclusivamente do SUS para tratamento.
A pergunta que fica é: existe tecnologia disponível capaz de lidar com todos os dados gerados por essa demanda? E mais, a recente notícia de que uma associação criminosa teria registrado falsamente a aplicação de doses de vacina contra a Covid-19 não torna ainda mais urgente a necessidade de um sistema mais seguro de registro de dados de saúde?
Em maio de 2021, dois anos atrás, o Plenário do Senado aprovou o Projeto de Lei 3.814/2020, que obrigaria o SUS a criar uma plataforma digital para unificar informações de pacientes atendidos tanto pelas rede de saúde pública e quanto pela rede privada. A proposta seguiu agora para a Câmara dos Deputados e, desde então, espera para ser aprovada.
Nessa plataforma digital unificada de saúde poderiam ser registrados prontuários médicos; resultados e laudos de exames complementares e de apoio diagnóstico; procedimentos ambulatoriais e hospitalares; prescrições médicas e outros dados demográficos e de saúde.
A iniciativa é boa, mas ainda não garante segurança dos dados ou que ninguém com acesso à plataforma pudesse alterar informações, como no caso da suposta fraude na carteira de vacinaçaõ do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Existe um caminho mais rentável, seguro e já testado pela comunidade científica da área de tecnologia da informação, inclusive já ventilada pelos Governos. Trata-se do sistema blockchain, que tem sido cada vez mais explorado em diversas áreas.
A metodologia blockchain faria diferença no contexto da saúde pública e privada. Um Cartão de Vacinação Criptografado, com toda a jornada das doses produzidas até a vacinação efetiva do cidadão, impediria, por exemplo, uma fraude.
Como um livro de registros de transações imutáveis, a tecnologia Blockchain ainda pode registrar e rastrear a distribuição e administração de vacinas, garantindo a transparência e a segurança dos dados. Suas aplicações são muitas, mas uma das mais importantes dela, de fato, é a de ser uma ferramenta anticorrupção.
Estamos falando da possibilidade de criar uma plataforma digital para a administração dos cartões de vacinas, com identificação única para cada vacinado, rastreabilidade da dose desde o laboratório até o posto de saúde e os registros das doses recebidas.
Para ajudar ainda mais, o mercado já disponibiliza a a tecnologia DocStone, que utiliza diversas redes blockchain para registrar diversos tipos de dados, como textos, imagens e metadados em geral, garantindo a autenticidade dos dados.
Na prática, qualquer lançamento na plataforma não seria alterado ou excluído após ter sido inserido no sistema impedindo a violação dos dados.
Segurança de dados em saúde é um assunto que precisa sair do ambiente de discussão e partir imediatamente para aplicação e prática, sob pena de temas relacionados com a saúde pública ocuparem cada vez mais as manchetes policiais, invés das páginas de tecnologia e inovação.
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