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Bitcoin: Ame-o ou deixe-o?

26 de dezembro de 2017

OK! Você não aguenta mais ouvir falar de Bitcoin, não é? Realmente, há uma hiper exposição do tema na mídia. Assim como há também uma espécie de Fla-Flu, onde um time é fortemente a favor da moeda, e outro, fortemente contra.

Marcelo Creimer

Por Marcelo Creimer*

O Bitcoin é o “Uber” das cripto-moedas. A disrupção que o aplicativo para mobilidade urbana causou, gerou a ira de quem se sente prejudicado por este sistema, e o apreço dos outros. Com o tempo, foi ganhando concorrentes, que puderam observar os acertos e falhas do pioneiro, possibilitando a eles (em tese) oferecer serviços  de melhor qualidade.

O Uber vai continuar líder de mercado ou um de seus concorrentes vai ultrapassá-lo, e até eliminá-lo?  Ninguém sabe.  Mas o mérito de ter criado uma nova maneira de locomoção, é dele. Casos semelhantes na evolução da tecnologia não faltam, como o Vinil/CD/MP3/streaming e Netscape/IE/Chrome. Torcer a favor ou contra uma tecnologia não leva a nada; a tecnologia não pede licença, ela atropela a tecnologia anterior.

Acho que ficou claro o paralelo com o Bitcoin, não? Afinal, o Blockchain, que  hoje é  responsável por diversas aplicações corporativas baseadas num novo paradigma, só existe por causa do Bitcoin. O Bitcoin por si só já é responsável por diversas causas nobres, como a inclusão financeira em Serra Leoa pela ONU, a inclusão financeira para a África subsaariana mesmo onde não há acesso à internet (através de SMS), assim como vários outros exemplos que ajudam praticamente metade da população mundial que é desbancarizada. Atualmente existem mais de mil crypto-currencies no mercado. Uma dezena delas trazem avanços significativos em relação ao Bitcoin. Na minha visão, esse poderá ser o motivo do Bitcoin vir a sofrer uma queda.

O Bitcoin se baseia em uma tecnologia bastante complexa até para quem é da área de tecnologia. Para quem vem da área financeira, é uma tarefa mais árdua ainda, gerando em última instância, ocasionalmente, discursos e artigos com erros sérios quanto à tecnologia. Há quem não acredite no Bitcoin simplesmente por ter informações erradas.

Ouço muito dizer que o Bitcoin é uma bolha. Para opinar sobre isso, devemos primeiro alinhar o entendimento de bolha. Na sua concepção, bolha significa pirâmide, esquema ponzi, algo em que o lucro venha do dinheiro dos primeiros investidores? Então, isto não acontece no Bitcoin, pois a cada 10 minutos é emitido “dinheiro novo”. Além disso, bolsas de valores do quilate do CME Group e Nasdaq não criariam derivativos em cima de uma farsa. Quanto a ser uma bolha no sentido do preço estar inflado demais, irreal, sem lógica, isso realmente é difícil de dizer. Faço um paralelo com ações. Uma ação é profundamente analisada por corretoras de renome, que podem acabar por divergir fortemente nas suas análises; uma diz que tal ação vai subir 50% e a outra diz que vai cair 50%, por exemplo. O preço da ação pode também subir astronomicamente em pouco tempo. Como está sendo o caso das ações da Magazine Luiza.

As ações da Magazine Luiza (MGLU3) na bolsa brasileira abriram  o ano de 2016 valendo R$ 2,10. Em 15/09/2017 elas alcançaram R$ 87,00. Ou seja, em menos de 2 anos, ela subiu cerca de 4.300%, ou 43 vezes. Sim, você leu certo: em menos de 2 anos seus R$ 10.000,00 valeriam R$ 430.000,00! Isso faz do Bitcoin um mero amador em questão de disparada. A MGLU3 é uma bolha?

As opiniões no mundo financeiro divergem muito sobre Bitcoin. O presidente do JPMorgan, Jamie Dimon, afirma que o Bitcoin é uma farsa. Ao passo que o CEO do Morgan Stanley, James Gorman, acha a idéia bastante interessante.

A opinião mais sensata de um alto dirigente financeiro que ouvi até hoje, foi a da Sra. Christine Lagarde, diretora do FMI: “Por ora, é pouco provável que as moedas digitais substituam as moedas tradicionais, uma vez que são muito voláteis, arriscadas e porque as tecnologias subjacentes ainda não são mensuráveis. Mas com o tempo, as inovações tecnológicas podem resolver alguns dos problemas que têm reduzido o apelo das moedas digitais” (Fonte: exame.abril.com.br)

O que vale realmente a pena é acompanhar este novo conceito de dinheiro, observando o que ele traz de bom e ruim e questionar o atual sistema monetário.

*Marcelo Creimer | eZly Tecnologia

Blockchain | IoT | Cognitive