OK! Você não aguenta mais ouvir falar de Bitcoin, não é? Realmente, há uma hiper exposição do tema na mídia. Assim como há também uma espécie de Fla-Flu, onde um time é fortemente a favor da moeda, e outro, fortemente contra.
Por Marcelo Creimer*
O Bitcoin é o “Uber” das cripto-moedas. A disrupção que o aplicativo para mobilidade urbana causou, gerou a ira de quem se sente prejudicado por este sistema, e o apreço dos outros. Com o tempo, foi ganhando concorrentes, que puderam observar os acertos e falhas do pioneiro, possibilitando a eles (em tese) oferecer serviços de melhor qualidade.
O Uber vai continuar líder de mercado ou um de seus concorrentes vai ultrapassá-lo, e até eliminá-lo? Ninguém sabe. Mas o mérito de ter criado uma nova maneira de locomoção, é dele. Casos semelhantes na evolução da tecnologia não faltam, como o Vinil/CD/MP3/streaming e Netscape/IE/Chrome. Torcer a favor ou contra uma tecnologia não leva a nada; a tecnologia não pede licença, ela atropela a tecnologia anterior.
Acho que ficou claro o paralelo com o Bitcoin, não? Afinal, o Blockchain, que hoje é responsável por diversas aplicações corporativas baseadas num novo paradigma, só existe por causa do Bitcoin. O Bitcoin por si só já é responsável por diversas causas nobres, como a inclusão financeira em Serra Leoa pela ONU, a inclusão financeira para a África subsaariana mesmo onde não há acesso à internet (através de SMS), assim como vários outros exemplos que ajudam praticamente metade da população mundial que é desbancarizada. Atualmente existem mais de mil crypto-currencies no mercado. Uma dezena delas trazem avanços significativos em relação ao Bitcoin. Na minha visão, esse poderá ser o motivo do Bitcoin vir a sofrer uma queda.
O Bitcoin se baseia em uma tecnologia bastante complexa até para quem é da área de tecnologia. Para quem vem da área financeira, é uma tarefa mais árdua ainda, gerando em última instância, ocasionalmente, discursos e artigos com erros sérios quanto à tecnologia. Há quem não acredite no Bitcoin simplesmente por ter informações erradas.
Ouço muito dizer que o Bitcoin é uma bolha. Para opinar sobre isso, devemos primeiro alinhar o entendimento de bolha. Na sua concepção, bolha significa pirâmide, esquema ponzi, algo em que o lucro venha do dinheiro dos primeiros investidores? Então, isto não acontece no Bitcoin, pois a cada 10 minutos é emitido “dinheiro novo”. Além disso, bolsas de valores do quilate do CME Group e Nasdaq não criariam derivativos em cima de uma farsa. Quanto a ser uma bolha no sentido do preço estar inflado demais, irreal, sem lógica, isso realmente é difícil de dizer. Faço um paralelo com ações. Uma ação é profundamente analisada por corretoras de renome, que podem acabar por divergir fortemente nas suas análises; uma diz que tal ação vai subir 50% e a outra diz que vai cair 50%, por exemplo. O preço da ação pode também subir astronomicamente em pouco tempo. Como está sendo o caso das ações da Magazine Luiza.
As ações da Magazine Luiza (MGLU3) na bolsa brasileira abriram o ano de 2016 valendo R$ 2,10. Em 15/09/2017 elas alcançaram R$ 87,00. Ou seja, em menos de 2 anos, ela subiu cerca de 4.300%, ou 43 vezes. Sim, você leu certo: em menos de 2 anos seus R$ 10.000,00 valeriam R$ 430.000,00! Isso faz do Bitcoin um mero amador em questão de disparada. A MGLU3 é uma bolha?
As opiniões no mundo financeiro divergem muito sobre Bitcoin. O presidente do JPMorgan, Jamie Dimon, afirma que o Bitcoin é uma farsa. Ao passo que o CEO do Morgan Stanley, James Gorman, acha a idéia bastante interessante.
A opinião mais sensata de um alto dirigente financeiro que ouvi até hoje, foi a da Sra. Christine Lagarde, diretora do FMI: “Por ora, é pouco provável que as moedas digitais substituam as moedas tradicionais, uma vez que são muito voláteis, arriscadas e porque as tecnologias subjacentes ainda não são mensuráveis. Mas com o tempo, as inovações tecnológicas podem resolver alguns dos problemas que têm reduzido o apelo das moedas digitais” (Fonte: exame.abril.com.br)
O que vale realmente a pena é acompanhar este novo conceito de dinheiro, observando o que ele traz de bom e ruim e questionar o atual sistema monetário.
*Marcelo Creimer | eZly Tecnologia
Blockchain | IoT | Cognitive