A nova fronteira do rastreamento veicular: da segurança à produtividade na operação de frotas
Por Antonio de Almeida Junior*
O mercado de rastreamento veicular no Brasil nasceu com foco na segurança, voltado ao transporte de cargas. Com a evolução da tecnologia, e o consequente barateamento do custo dos rastreadores, as soluções se expandiram para prover segurança a veículos leves. Atualmente, o mercado conta com uma enormidade de soluções que contemplam serviços como telemetria para gerenciamento de risco e pronta resposta para recuperação de veículos e seguros.
O uso desta tecnologia com objetivo de segurança se justifica, uma vez que o custo com furtos e extravios gera um gasto adicional entre 15% e 20% nos fretes de transporte de cargas, enquanto o mercado segurador estima em R$ 1 bilhão por ano o montante de perdas com roubos.
Entretanto, nos últimos anos, as empresas fornecedoras de soluções de rastreamento perceberam que o uso restrito para necessidades de segurança não aproveitava todo o potencial desta tecnologia. Além disto, devido à gradual mudança cultural por melhoria contínua, o mercado brasileiro passou a enxergar as soluções de rastreamento e telemetria como uma forma de redução de custos.
De acordo com estudos, o uso do rastreador com o objetivo de diminuir despesas faz muito sentido, uma vez que os gastos com logística são relevantes e chegam a representar de 5% a 35% do valor das vendas. Um estudo realizado pela consultoria Booz Allen Hamilton mostra que o valor total despendido com logística no Brasil é superior ao PIB de países como Bolívia e Portugal. Nos EUA, os valores aplicados em atividades logísticas representam 10% do PIB, enquanto estima-se que os gastos com a atividade em todo o mundo alcançam até 20% do PIB mundial.
As soluções disponíveis que objetivam tratar dos ganhos de produtividade são conhecidas no mercado como soluções de “Telemetria”. No entanto, este nome condiz apenas com uma pequena parte da solução de todo o problema. O motivo é simples: medir os dados de diversos sensores dentro de um veículo e apresentá-los para um gestor, por meio de relatórios, alertas ou eventos, é apenas a apresentação da informação gerada pela frota. Na prática, avaliar todos os dados é difícil, devido ao grande volume.
É neste ponto que surge a nova fronteira para o rastreamento veicular, e o primeiro passo para entendê-la está na classificação do problema de medição de produtividade em dois grandes grupos: “Produtividade da Frota” e “Produtividade da Operação”. Ambos estão relacionados, porém, há diferenças importantes.
Quando se trata da produtividade da frota, o objetivo é otimizar o uso dos veículos, ou seja, melhorar as manutenções, o gasto com combustível, a taxa de utilização, etc. O foco do problema neste caso é aprimorar o uso do meio e não o fim.
Em relação à produtividade da operação, a meta é responder perguntas como “qual é a quantidade de veículos que eu preciso para realizar uma determinada operação?”. A resposta fornecida por um software usa os dados da telemetria para gerar um resultado alinhado com a necessidade do gestor. Ou seja, as soluções de sistemas são orientadas a responder perguntas referentes à operação que usa a frota, e não somente a questões sobre a frota em si. É aqui que a nova fronteira da tecnologia de rastreamento se encontra.
A nova fronteira do mercado de rastreamento trata de soluções de software que auditam a operação do cliente e auxiliam na tomada de decisão. Por meio do uso intensivo das novas tecnologias de “Big Data” e de análise de dados, é possível processar todas as informações oriundas dos veículos e gerar um perfil do comportamento operacional que auxiliará na tomada de decisão, inclusive em tempo real. Este novo paradigma trará consequências diretas no custo da operação, e consequentemente aumentará a competitividade das empresas.
A nova fronteira não é uma promessa, já existem soluções que estão mudando a forma de visualizar operações em diversos setores, como siderurgia, mineração, transporte de pessoas e logística urbana. Um ponto de extrema relevância é que as novas soluções possuem todas as funcionalidades para análise de operações, sem abrir mão das funções de segurança disponíveis nas ferramentas tradicionais. Ou seja, para as empresas contratantes, o benefício torna-se duplo e o retorno sobre o investimento é multiplicado.
*Antonio de Almeida Junior é diretor executivo da DDMX Inteligência em Análise de Dados