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Sonho de Laura. Robolaura, o algorítimo da vida, surpreende a Sepse

3 de janeiro de 2018

O Crypto ID  republica a entrevista da SIERJ – Sociedade de Infectologia do Estado do Rio de Janeiro feita pelo  Dr. Rodrigo Schrage Lins  membro da Diretoria e comissão científica da Associação de Estudos em Controle de Infecção Hospitalar do Estado do Rio de Janeiro, com o empresário Jacson Fressatto, responsável pelo projeto “Sonho de Laura”, que tem por objetivo diminuir a SEPSE no Brasil em pelo menos 5%, usando o #LauraBot, uma tecnologia capaz de gerenciar antecipadamente o risco de sepse hospitalar.

Entrevista

Rodrigo Schrage Lins | Diretoria e comissão científica da Associação de Estudos em Controle de Infecção Hospitalar do Estado do Rio de Janeiro

Foram 11 perguntas feitas de forma escrita, exclusivamente para o site da SIERJ.

1 – RODRIGO LINS – O que foi que você percebeu na assistência prestada aos pacientes que motivou a criação e desenvolvimento do projeto Sonho de Laura?

JACSON FRESSATTO – Nos 18 dias que fiquei ‘internado’ junto com minha filha enferma na UTI neo-natal, o que eu mais vi foram profissionais de diferentes níveis, expertise e especialidade, com muita boa vontade e zelo, mas vítimas do mesmo problema: falta de informações integradas e rápidas para suas tomadas de decisão.

2 – RODRIGO LINS – O que é o #LauraBot e como ele melhora a assistência aos pacientes com sepse?

JACSON FRESSATTO – É o primeiro robô cognitivo gerenciador de riscos do mundo. É um recurso de Inteligência Artificial que ‘aprende’ com a realidade operacional de cada hospital e cada paciente, acelerando o processo de identificar os fatores de risco para cada caso, baseado nos protocolos de SEPSE, mais usados no meio médico operacional. Assim, o #LauraBot acelera o poder de decisão dos times assistenciais.

3 – RODRIGO LINS – Você disse que existe um grande receio de alguns hospitais com relação ao sigilo dos dados hospitalares. Como vocês lidaram com isso?

JACSON FRESSATTO – Segurança e sigilo dos dados dos pacientes é a nossa maior preocupação. Na verdade o robô nem lê os dados pessoais do paciente, como nome, endereço e outros. Ele carrega os dados de prontuário e atendimento, fazendo referência ao(s) leito(s) que ele tenha ocupado, provocando que os profissionais acessem os dados do caso alarmado pelo robô em seus próprios sistemas, aonde os dados estão gravados.

Outro critério de segurança está relacionado aos nossos recursos, processos e serviços regrados pelo HIPAA (Health Insurance Portability and Accountability Act, USA) que garantem internacionalmente o sigilo dos dados processados para ambientes de saúde.

E por último, desenvolvemos nosso próprio processo de segurança no processamento dos dados (uma vez que o #LauraBot) não armazena dados dos hospitais ou pacientes. Chamamos esta aplicação interna de segurança de Lead Ghost. Este ‘motor’ da Laura divide os dados processados em 3 partes e criptografa de diferentes formas. Para estes dados serem montados, precisam ser reunidos os 3 formatos e permissões. Assim, se alguém conseguir invadir uma das bases de dados (o que já é quase impossível pela nossa arquitetura de segurança) ele precisará achar os outros dois geradores de permissões para montar o último processamento de dados.

4 – RODRIGO LINS – Um problema de prontuários eletrônicos são dados inseridos de forma incompleta ou até mesmo não inseridos. Como o #LauraBot lida com a falta de informação?

JACSON FRESSATTO – Ausência de dados também é informação. A Laura alerta pela ausência de dados. Dados incorretos são matéria prima de gerenciamento de risco em processos errados. Assim ler e sinalizar os dados incorretos, permitem que os processos, sejam quais forem, sejam melhorados ou descontinuados. Exemplo: Quando conectamos a Laura no primeiro hospital, o robô informou que tinham 205 pacientes internados, destes: 15 com prontuários repetidos. Nem o time de TI sabia que existiam prontuários repetidos. Justamente dados incorretos provocaram isso. A leitura do robô, mesmo fora do critério exclusivo de SEPSE, permitiu que melhorassem varias partes de diferentes processos no hospital. Eu sempre repito: Informação é a matéria prima da Solução. Então, que venham os dados, mesmo errados ou inconsistentes ou faltosos.

5 – RODRIGO LINS – Todas as vezes em que eu ouço falar da Laura, imagino um potencial enorme, além da sepse. Como você vê o potencial ou até mesmo o futuro da atuação da Laura?

JACSON FRESSATTO – Eu não criei o robô para atuar exclusivamente com SEPSE e muito menos para ser exclusivo para a área de saúde. Aliás, sempre digo que ela não usa jaleco branco. Começamos por SEPSE, porque foi oque vitimou minha filha e é o motivo de 56% da mortalidade nos hospitais do Brasil. Se eu ajudar a diminuir este percentual, além do número de vidas salvas, vamos impactar diretamente em muitas outras doenças e suas consequências, como a mortalidade infantil por causa de nascimentos prematuros provocados por infecções urinárias. Estes dados estão sendo lidos pelo robô no projeto ‘Brazilian Smart Health’ que estou liderando em Curitiba para mostrar como é possível atingir metas internacionais usando Inteligência Artificial barata e aderente. Ou seja, vejo grandes horizontes para a Laura em vários mercados.
Eu não quero enriquecer com a Saúde. Não quer dizer que não quero ficar rico com a tecnologia que criei. Tem muitos outros mercados para se beneficiarem com capacidade de gerenciamento de risco do robô.

6 – RODRIGO LINS – Quando eu vejo o vídeo de apresentação da Laura eu vejo que o projeto foi iniciado em 2010. Ou seja, não é um projeto em fase inicial. Qual é a situação atual do projeto Laura? Quantos hospitais já contam com a ajuda da Laura?

JACSON FRESSATTO – Depois das fases de ALFA e BETA do robô, testarmos o modelo de negócio que criamos para sustentar o projeto. Hoje estamos indo para o terceiro hospital com implantação plena do #LauraBot (implantação com todos os recursos do robô). Mas também desenvolvemos os recursos tecnológicos para a Laura ser uma plataforma de gestão de risco. Assim, posso dizer com segurança e felicidade, considerando os projetos que estamos envolvidos, que a o #LauraBot teve seu processamento exponencializado de 200 leitos para 7 mil leitos em menos de 7 meses. Então, imagine para aonde vamos nos próximos meses.

7 – RODRIGO LINS – Como foi a resposta das equipes com a entrada da Laura?

JACSON FRESSATTO – Essa é a mágica do projeto. Todos recebem a Laura como parte da equipe e com muito carinho. Não só pela historia dela, mas pela simplicidade que envolve trabalhar com ela. Existe uma meta no Hospital Nossa Senhora das Graças: Não deixar a Laura ansiosa. E não é raro vermos fotos dos times assistenciais com a Laura, em suas redes sociais. Os médicos também receberam com muito profissionalismo o robô, pois entendem que com seus times de apoio devidamente empoderados, todo o processo é agilizado e otimizado.

8 – RODRIGO LINS – Você me disse uma vez que a Laura não é exclusiva de hospitais públicos. O interesse/resposta/implantação do projeto é diferente em instituições privadas?

JACSON FRESSATTO – Como sempre digo a todos: A Laura não é exclusiva a nenhum tipo de hospital. Na verdade todos somos vítimas desta divisão entre público e privado. Seria perfeito se ela fosse aderente e a todos. O que acontece, é que preciso dar sustentabilidade ao projeto. E nos hospitais particulares, a Laura pode contribuir com muito mais coisas que não apenas no gerenciamento de risco para SEPSE. A otimização de recursos em instituições privadas tem suas vantagens financeiras, o que incrementa o uso do robô. Logo nosso modelo de negócio é diferente para público, para privado e para filantrópico. Mas vamos atender a todos de forma aderente e eficiente, sem restrições na meta de ser o melhor gerenciador de riscos do mundo.

9 – RODRIGO LINS – Existe algum tipo de previsão de quando poderemos ver a Laura em outros estados?

JACSON FRESSATTO – Já estamos. Acabamos de implantar a Laura no primeiro hospital fora de Curitiba. Estamos no Hospital Márcio Cunha, na cidade de Ipatinga, MG.

10 – RODRIGO LINS – Eu vi no site e ouvi você dizendo algumas vezes que o objetivo é oferecer a presença da Laura nos hospitais de forma gratuita. Me parece que tanto o desenvolvimento do projeto quanto a implantação tem um custo alto. Como isso é possível?

JACSON FRESSATTO – Como eu disse, a Laura não é exclusiva da área de saúde. Estamos focados em conseguir recursos de investimentos, como fundos e apoiadores. Com isso podemos garantir que a meta de doar ou disponibilizar a Laura a preço de custo para os filantrópicos. Se conseguirmos atingir os fundos de investimentos de grande porte, conseguiríamos dar a sustentabilidade que precisamos ao negócio, permitindo que a disponibilidade da Laura seja a mais barata possível, quem sabe de graça para todos os que precisem deste recurso gratuitamente, como os filantrópicos e alguns públicos.

11 – RODRIGO LINS – Existem artigos científicos sendo produzidos com dados do uso da Laura. É isso mesmo? Como os médicos podem fazer para acompanhar esses resultados e publicações?

JACSON FRESSATTO – Neste exato momento temos 22 artigos sendo desenvolvidos em Curitiba baseados no caso Laura. Destes, 2 serão publicados agora em Agosto e Setembro. Também vamos apresentar os resultados da Laura nas metas das ODS 3 (da ONU) num evento da ONU agora em setembro. Quem quiser fazer parte deste grupo de cientistas e pesquisadores, podem entrar em contato comigo mesmo pelo meu e-mail : jac@lauranetworks.com

RODRIGO LINS – Jacson, foi um imenso prazer fazer essa matéria com você. Eu e a SIERJ acreditamos no seu projeto. Acho que tem o potencial de mudar de verdade a saúde no Brasil. As nossas portas estão abertas e espero que possamos trabalhar juntos no futuro.

Assista ao emocionante depoimento de Jacson Fressatto neste vídeo onde ele conta como a perda de sua filha desencadeou esse projeto.

Estima-se que haja 2 milhões e meio de casos de Sepse por ano no Brasil e, desse número, cerca de 250 mil pessoas morrem anualmente.

A Sepse mata mais que o câncer e lidera o número de mortes em praticamente todos os países do mundo. A Sepse mata uma pessoa a cada 1 minuto e meio e o mais incrível é que 8 em cada 10 pessoas no mundo sequer conhecem a palavra Sepse.

O #robolaura detecta precocemente um possível caso de Sepse, ajudando médicos e enfermeiros a salvar muitas vidas.

O Sonho de Laura é reduzir as mortes por Sepse no Brasil em 5% até 2020. Para que esse sonho se realize, a Laura Networks doará o #robolaura para todos os hospitais filantrópicos do Brasil.

Entretanto, estes hospitais precisam da sua ajuda para financiar os custos da implantação. Se os enfermeiros forem avisados precocemente sobre um paciente com Sepse, é possível salvar mais de 12 mil vidas por ano no Brasil. Essa vitória também pode ser sua! Contribua para o Sonho de Laura!

O Sonho de Laura é matéria de destaque no site da SIERJ. Confira o vídeo que apresenta o projeto.

 

Fonte: SIERJ