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Vale do Silício não teve fórmula, mas sorte

Vale do Silício não teve fórmula, mas sorte

16 de novembro de 2016
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Antonio Carlos Soares | Runrun.it , Co-fundador

Por Antonio Carlos Soares

Steve Wozniak diz que o Vale do Silício não teve fórmula, mas sorte

Assisti a uma entrevista do Steve Wozniak, co-fundador da Apple, no HSM Expo em São Paulo, no dia 8 de novembro.

Uma honra, já que se trata de um dos responsáveis pelas transformações pessoais e profissionais que passamos nas últimas décadas.

Foi ele que desenhou os modelos Apple I e II de computadores pessoais, além de ter ajudado a criar uma das empresas mais inovadoras de nossa época junto com Steve Jobs.

O primeiro modelo foi levado cinco vezes para os executivos da HP, que declinaram dizendo que um computador pessoal não venderia. Mal sabiam eles…

Um sujeito bonachão que fugia dos holofotes, enquanto Jobs, em suas palavras, aprendeu a falar com a imprensa, tornando-se cada vez menos brincalhão (“no jokes”) e mais um homem de negócios (“running the business”). Enquanto que para o sócio o dinheiro brilhava aos olhos (“ele sempre foi um vendedor”), Wozniak só queria fazer o que o fazia feliz: se trancar no laboratório para desenhar computadores. Ele falou sobre o Vale do Silício, a Apple e o futuro (a Exame listou aqui as 5 tendências comentadas por ele). Abaixo, alguns comentários interessantes.

A fórmula do Vale do Silício

Steve Wozniak desmitifica o Vale do Silício e diz que replicar o sucesso da região não vai dar certo. É preciso crescer organicamente, ele sugere. “Não teve fórmula, teve sorte”, explica o sucesso junto com o fato do vale ser onde foi criado o primeiro transistor do mundo, na década de 1960. Ele foi o primeiro circuito integrado comercialmente disponível e produzido pela Fairchild Semiconductor, grande responsável por impulsionar a região na época. Hoje, Wozniak conta que 43% dos postos de trabalho do Vale do Silício são em empresas de tecnologia, taxa bem próxima de outras cidades dos Estados Unidos que não têm essa fama tecnológica toda.

Sistemas fechados x sistemas abertos

O co-fundador da Apple conta que a verdadeira revolução aconteceu com a criação da App Store, plataforma de aplicativos da Apple que possibilitou a outras empresas falar com os usuários de iPhone e de outros dispositivos da marca. O primeiro modelo do iPhone vinha com apenas 17 apps e não suportava outros. Mas você já parou para contar quantos apps já baixou na vida? Eu fiz esse exercício agora e cheguei a nada menos que 232 aplicativos baixados nos vários aparelhos que tive. Imagine com quantas marcas eu não entrei em contato através dessa facilidade?

A App Store foi o amadurecimento do que ele considera a melhor jogada da Apple. Ao longo dos anos, a empresa lançou vários computadores. Vendia muito, tinha muito lucro, mas o valor das ações não subia, permanecendo estável. Até que surgiu o iPod, primeiro produto da Apple a conversar com outros sistemas (o Windows, no caso) e permitir que usuários de computadores não-Apple conseguissem importar músicas para o aparelhinho. As vendas explodiram, assim como as ações da empresa. A reviravolta aconteceu quando a Apple deixou de criar sistemas estritamente fechados para conversar com a grande parte da população que não podia comprar seus caros computadores.

Sua empresa pode precisar de um CDO

O Franklin, nosso CTO, outro dia discutiu nesse post sobre os tipos de inovação que as empresas podem ter em casa, a evolutiva ou a disruptiva. Quem deseja trabalhar com o segundo caso provavelmente ficará frustrado se estiver empregado em uma empresa tradicional – capaz de encarar no máximo a inovação evolutiva. Para as grandes ideias, Wozniak propõe que os projetos sejam tocados por um CDO, ou Chief Disruption Officer, e não fiquem sob o guarda-chuva do CEO. Por quê? Porque o CEO está preocupado com as contas, com a saúde da empresa, e projetos disruptivos não costumam dar lucro a médio prazo. Então o papel do CDO seria fundamental para manter jovens desenvolvedores com a cabeça em criar produtos ou soluções completamente inovadores – até mesmo para uso da própria companhia.

O termo não é tão novo assim. Em 2014 a Forbes falou no cargo à época que o Uber começava a ganhar mercado nos Estados Unidos. No ano seguinte, a Cisco comenta que ele pode ajudar a transformar as operações das companhias – e também chama de Chief IOT (Internet of Things) Officer, um “sonhador pragmático”. Que responsabilidade!

* Antonio Carlos Soares  | Runrun.it , Co-fundador

Antonio Carlos Soares (AC) iniciou sua carreira como consultor no Monitor Group. Foi sócio e diretor de planejamento e gestão da Trip Editora de 2000 a 2007. Em junho de 2007, juntou-se à Aorta Entretenimento como sócio e CEO, tornando-se responsável pelo reposicionamento que levou a empresa à liderança do setor de desenvolvimento de aplicativos para dispositivos móveis para empresas, obtendo um crescimento de 12 vezes em 4 anos e conquistando os mais importantes prêmios do setor. Hoje, como empreendedor serial, dedica-se à criação do runrun.it, um software para gestão de equipes na nuvem. Além disso, é vice-presidente da ONG Ação Comunitária, voltada à educação de crianças em áreas de risco social.