A geração do Milênio se manifesta. . . E todos precisamos ouvir
12 de maio de 2016
Por José María Álvarez-Pallete*
Penso muito sobre a geração do Milênio. Amo sua energia, paixão e, assim como aqueles que já nasceram no mundo digital, suas ideias de como mudar o mundo.
Por isso, fico desanimado quando leio que estes jovens educados e ambiciosos correm o risco de se tornarem uma geração perdida. Não é como se eles fossem vagar e se perder – é que nós, como uma sociedade global, poderemos deixá-los na mão.
Há muitas outras coisas para se concentrar – recessão global, ameaças de guerra, terrorismo e, para os mais velhos, ajustar-se a um novo mundo digital. No entanto, não podemos perder esta geração de jovens inteligentes e dinâmicos.
Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), os jovens continuam a ser afetados pela fraca e desigual recuperação econômica. A taxa de desemprego global dessa população é de 13 por cento –quase três vezes maior do que a taxa de desemprego dos adultos De acordo com o Fórum Econômico Mundial, mais de seis milhões de jovens desistiram de procurar emprego.
Assim, a OIT identificou um grupo de jovens sem emprego, educação formal ou formação técnica (NEET, da sigla em inglês), que tem mantido uma tendência de elevação íngreme desde o início da crise. Em certos países, quase um quarto dos jovens entre 15 e 29 anos são considerados NEET.
A Telefónica divulgou recentemente os resultados da nossa segunda pesquisa global com a geração do Milênio. Questionamos mais de 6.700 jovens, entre 18 e 30 anos, em 18 países, sobre o mundo ao seu redor, esperanças para a vida pessoal e profissional, bem como seus pontos de vista sobre tecnologia. Nada surpreendente, eles estão mais focados em encontrar um emprego estável e bem remunerado do que em se casar, ter casa ou filhos. Eles também citam a corrupção, a economia e o desemprego como as questões mais importantes para seus países hoje. Igualdade de oportunidades para todos e educação foram citados como as características que colocariam seus países no caminho do crescimento. Sessenta por cento disseram que querem que governos se concentrem em seus sistemas de ensino. Apesar das preocupações, 89 por cento dizem que estão otimistas sobre o futuro.
Integrantes da geração do Milênio disseram que seus governos não fazem o suficiente para manter no país os melhores. Setenta e um por cento disseram que estariam dispostos a procurar emprego no exterior. Trabalhei no exterior e acho que conhecer outras culturas é importante. Mas fico preocupado com a ideia de que os jovens se sentem obrigados a mudar-se para encontrar um emprego ou ganhar mais. Deixar a família e amigos e se adaptar a uma nova cultura oferece um conjunto complexo de desafios e dificuldades.
Na Telefónica, pensamos muito sobre como apoiar os jovens de hoje. Para nós é mais do que fundamental para o sucesso empresarial em longo prazo. Por isso, a Telefónica lançou o Open Future, um plano de ação para promover inovação e gerar crescimento entre os jovens, startups e empreendedores no setor digital. Uma iniciativa que promove a tecnologia aberta para todos e incentiva e financia o espírito empreendedor e o desenvolvimento de habilidades digitais. Estamos trabalhando para fazer do Open Future o maior programa mundial de empreendedorismo e conceder aos nossos parceiros acesso a esses talentos.
Por isso, líderes de negócios, especialmente no setor de tecnologia, devem escutar esta geração. Mais de 75 por cento disseram que levam em conta a sustentabilidade e os esforços de impacto social da empresa quando tomam uma decisão de compra. Uma empresa que não se preocupe com essa geração corre o risco de se perder.
Empenhados em fazer mais para ajudar os jovens a terem sucesso, incentivo os governos a olhar para seus sistemas de educação e investir na qualidade de formação e empregos para os jovens. Os empresários podem pensar em maneiras de ajudar os jovens que vivem nos países em que operam, com iniciativas como a Global Apprenticeships Network (Rede Global de Aprendizem), que reúne empresas do setor privado, associações empresariais e organizações internacionais para compartilhar práticas e se comprometem a promover o emprego dos jovens e o desenvolvimento de competências por meio da aprendizagem.
Vamos desenvolver parcerias público-privadas eficazes que insiram os jovens no trabalho. Na Telefónica, gostaríamos de acolher parcerias novas ou aperfeiçoadas. Se esta geração se perder, não teremos ninguém para culpar além de nós mesmos.
*José María Álvarez-Pallete López Executive Chairman, Telefónica S.A.
Fonte: Convergência Digital – Carreira