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Arquivos sobre jihadistas divulgados ontem 10/03 podem ser falsos

Arquivos sobre jihadistas divulgados ontem 10/03 podem ser falsos

11 de março de 2016

Ontem 10/03/16, foi divulgado que um radical arrependido do Estado Islâmico entregou a um canal de TV britânico um pendrive com detalhes de milhares de seguidores jihadistas.  Seriam cerca de 22 mil nomes de apoiadores EI em 21 países.

Um porta-voz do Governo britânico declarou que Londres não foi, até agora, informada sobre as listas de combatentes jihadistas divulgadas esta quarta-feira pela cadeia britânica Sky News, e que o Governo está a estudando de que forma poderá “usar estas informações para lutar contra o Daesh (nome do grupo Estado Islâmico em árabe)”.

A televisão britânica publicou quarta-feira à noite uma reportagem e um texto sobre estes documentos que, garante, divulgam as identidades, o paradeiro e os contatos de 22.000 jihadistas. Garante igualmente já ter entregado os arquivos secretos do Daesh às autoridades.

A importância do “achado”

Além da Sky, também o diário alemão Süddeutsche Zeitung afirmou possuir listas dos combatentes germânicos do Daesh.  A polícia federal alemã considerou estes documentos “provavelmente autênticos”, não se pronunciando contudo sobre os arquivos que a Sky afirma possuir.

O ministro alemão do interior, Thomas de Maizière, referiu por seu lado que os dados vão “permitir uma melhor compreensão da estrutura terrorista.” E acrescentou que vão  dar celeridade aos processos judiciais contra pessoas suspeitas de quererem juntar-se ao Estado Islâmico, ou já são seus membros.

Se realmente forem verdadeiros, a divulgação dos arquivos – alegadamente roubados por um dissidente ao chefe dos serviços de segurança do grupo jihadista – poderá ser um golpe duro para a organização do Estado Islâmico, desvendando processos e rede de recrutamento.

Os documentos, que parecem ser formulários de recrutamento, na sua maior parte, incluem as respostas a 23 perguntas, desde o nome original e o nome adotado por cada combatente, a sua filiação e quem o recrutou, grupo sanguíneo e nível de “compreensão da Sharia”. Seus endereços e telefones também estão incluídos.

Os arquivos contém formulários de recrutamento que inclui perguntas do tipo:  ” Você prefere ser um terrorista suicida ou combatente? “

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Alguns dos nomes são de jihadistas já conhecidos e alguns já até morreram. Mas milhares de outros são desconhecidos, declara a Sky.

Todas estas informações permitirão que aos serviços de contra-terrorismo desmantelar, pelo menos em parte, a rede mundial de recrutamento do Estado Islâmico. Irão também permitir às polícias e serviços de informação rastrear muitos jihadistas que vivem atualmente no Ocidente e até agora eram desconhecidos e assim evitar novos atentados.

Dúvidas sobre a autenticidade dos arquivos

Várias vozes, contudo, apontam falhas a este aparente filão.

O site Zaman Al Wasl, diz que também recebeu os arquivos secretos do Estado Islâmico concluiu que, entre documentos repetidos, sobram somente cerca de 1.700 nomes, bem longe do que foi divulgado pela Sky.

Por outro lado, muitos dos documentos parecem datar de 2013, o que poderá afetar a sua relevância.

Serão comparados os arquivos divulgados no Reino Unido, Alemanha e Síria o que contribuirá para a avaliação de sua autenticidade.

Ao contrário da polícia alemã, alguns analistas apontam inconsistências e incoerências no que já foi divulgado em fontes abertas como os jornais.

Por exemplo, o nome árabe “Estado Islâmico do Iraque e da Síria”, um antigo nome do atual grupo Estado Islâmico, está escrito de duas formas diferentes e o dossier dos mortos usa a expressão “data do falecimento” em vez da habitual fraseologia jihadista  – “mártir”.

Muitos dos documentos divulgados misturam ainda entradas de dados em inglês com respostas escritas em árabe.

O jornalista e especialista em jihadismo, Wassim Nasr faz notar por seu lado, citado pela Agência France Presse (AFP), que muitas das informações já estão disponíveis há anos. E avança uma teoria: “Talvez certas informações sejam verdadeiras e tenha sido realizada uma fraude documental para vender caro as informações”.

Assim se justifica a prudência em relação a estes alegados “arquivos secretos,” declara Charlie Winter, investigador da universidade americana Georgia State. “Quando vi no passado estas incoerências, tratava-se de fato de uma confusão,” garantiu à AFP.

Com informações do site RTP.