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Lava-Jato: delação premiada revela como esquema de Sérgio Cabral usava criptografia

Lava-Jato: delação premiada revela como esquema de Sérgio Cabral usava criptografia

29 de março de 2017

Envolvidos no esquema de propina no Rio de Janeiro usavam meios tecnológicos para se comunicar, incluindo mensagens criptografadas no extinto MSN. Documentos da Operação Lava-Jato mostram como o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), acusado de comandar o esquema, e outros participantes, usavam essas ferramentas e truques.

Esses detalhes vieram à tona graças à Operação Eficiência, deflagrada em janeiro. Segundo o jornal O Globo, Chebar revelou contas de propina onde estavam escondidos US$ 101 milhões (cerca de R$ 340 milhões).

O MSN era usado para a comunicação entre Marcelo Chebar e Vinícius Claret, o “Juca Bala”, doleiro que enviava dinheiro para o exterior sob orientação de Cabral. Inicialmente, Chebar, que revelou o esquema em delação premiada, era o responsável pelo envio do dinheiro, até a eleição de Cabral para governador do RJ. Após ocupação do novo cargo, os valores aumentaram, por isso o serviço foi terceirizado.

Toda a comunicação pelo MSN era criptografada com a ajuda do plugin que usa o protocolo OTR (Off-the-Record Messaging). Para que isso fosse possível, eles usaram o Pidgin, um cliente não-oficial que permitia conversar através do MSN e ainda usar a ferramenta de OTF.

Abaixo, você vê como as mensagens criptografadas aparecem para quem tentar ler.


Segundo o relato de Chebar, a sugestão de aproveitar o recurso de criptografia com o Pidgin veio do próprio “Juca”, que era responsável por fechar a taxa de câmbio do valor que Chebar recebia de Cabral em reais.

Outro truque era se comunicar por meio de textos que nunca eram enviados por e-mail. Uma conta foi criada (cazaalta@gmail.com), e nela tudo era guardado na pasta de rascunhos. Assim, outros envolvidos que tinham acesso à conta, poderiam ler as mensagens e fazer upload de arquivos sem correr o risco de serem interceptadas pelo servidor.

Eles não baixavam os arquivos para o HD, mas criptografia também era usada para “esconder” esses conteúdos, como planilhas de Excel, que eram usadas para o controle de pagamentos e recebimentos. Os arquivos eram guardados em um pendrive e o software Steganos Safe se encarregava de esconder tudo com senha.

Além de criptografar os arquivos, o Steganos criava uma partição escondida nesses pendrives. Após o uso, os acessórios eram destruídos.

Essas informações vieram à tona pela Operação Eficiência, em janeiro deste ano, na mesma ocasião em que o empresário Eike Batista foi preso sob acusação de pagar propina ao ex-governador Sérgio Cabral. Os irmãos Chebar apontaram as contas onde os R$ 340 milhões, que seriam de Cabral, Wilson Carlos e Carlos Miranda, estavam guardados.

Desse valor, R$ 250 milhões foram repatriados e servirão para pagar o décimo terceiro atrasado de aposentados e pensionistas no RJ.

Fonte: tudocelular.com