Brasil retorna ao grupo das dez maiores potências globais do mercado de tecnologia, aponta novo estudo da ABES
12 de abril de 2024O Brasil segue como referência entre os países considerados emergentes, apresentando maturidade em investimentos em TI
A ABES – Associação Brasileira das Empresas de Software apresentou, durante live aberta ao público em seu canal no YouTube, o Estudo Mercado Brasileiro de Software – Panorama e Tendências 2024. De acordo com dados da International Data Corporation (IDC) analisados pela ABES, a vigésima edição do estudo – considerada a principal referência para o setor no país –, o Brasil ultrapassou a Coreia do Sul e a Itália e voltou a estar entre as 10 potências globais, com US$ 50 bilhões em investimentos.
A pesquisa mostra que o Brasil manteve 1,6% dos investimentos em tecnologia em nível global, e 37,2% dos investimentos em toda a América Latina (contra 36,5% na pesquisa anterior). Considerando o total de investimentos globais em tecnologia da informação (software, hardware e serviços) durante o ano de 2023 – que foi de US$ 3,2 trilhões, contra US$ 3,11 trilhões no ano anterior –, o Brasil subiu duas posições, figurando agora em décimo lugar neste ranking de investimentos, com US$ 50 bilhões aplicados e lidera na América Latina, cujo total de investimentos alcançou US$ 134 bilhões (contra US$ 124 bilhões em 2022).
O Brasil segue como referência entre os países considerados emergentes, apresentando maturidade em investimentos em TI – que prioriza os valores dedicados ao desenvolvimento de software e incremento da oferta de serviços, distribuídos em:
30% para o mercado de software (US$ 15 bilhões), contra 26% do último estudo (US$ 11,7 bilhões);
22% para o mercado de serviços (US$ 10,9 bilhões), contra 19,5% do último estudo (US$ 8,8 bilhões);
48% para o mercado de hardware (US$ 23,9 bilhões), contra 54,6% do último estudo (U$ 24,7 bilhões).
Os valores acima mostram que o país caminha para a média global, cuja distribuição é de 31% em software, 26% em serviços e 43% em hardware.
“O grau de maturidade dos investimentos em TI é avaliado tendo como base no aumento dos investimentos em inteligência (Software + Serviços) versus a queda nos investimentos em Hardware. Nos últimos anos verificamos esse movimento da queda da participação de hardware nos investimentos totais de TI, demonstrando que a base instalada de hardware já vem atingindo sua maturidade. Por outro lado, vimos os investimentos em Software e Serviços crescerem e pela primeira vez desde que começamos o Estudo, em 2004, com a soma dos investimentos em Software e em Serviços superando os investimentos em Hardware, mostrando o avanço que Brasil teve no grau de maturidade de seus Investimentos em TI“, explica Jorge Sukarie Neto, conselheiro da ABES e responsável pelo estudo.
Outra conclusão importante do estudo é que o Brasil continua na primeira posição no ranking dos países latino-americanos, passando de 36,5% de investimentos na região, em 2022, para 37,2% em 2023. “É, simplesmente, impossível falar em um mercado Latam sem pensar no Brasil. Nossa liderança, nesse sentido, é incontestável”, detalha Sukarie.
A tendência, para 2024, é que haja um crescimento global na ordem de 7,4%. No Brasil, o índice deve chegar a 6%. Mas, em 2023, o crescimento do mercado de tecnologia, em nível global, foi de 4,1%, com uma queda de 0,4% de investimentos no Brasil. “Apesar do mercado de Software ter crescido mais de 13% e do setor de Serviços ter crescido mais de10%, tivemos uma queda de 11% em Hardware. E, como Hardware perfaz quase a metade dos investimentos, essa queda acaba puxando a média para baixo, deixando o Brasil atrás do crescimento mundial de 4,1%“, conclui Sukarie.
Confira outras tendências apresentadas em primeira mão pela ABES durante o evento:
– Redes móveis privativas: Novas implantações de redes móveis privativas em 2024 deverão superar US$ 220M somente nas linhas de infraestrutura Wireless, serviços profissionais e serviços gerenciados. A falta de um ecossistema que ofereça soluções fim a fim é uma crítica comum dos clientes finais. Tornar concreta essa oferta será um fator chave para massificação dessas redes.
– Internet das Coisas (IoT): Pesquisa recente indica que, em 2024, 50% das empresas estarão em estágios de planejamento ou provas de conceito para projetos de IoT. 34% das SMBs brasileiras pretendem adotar soluções de IoT nos próximos dois anos em suas atividades de negócio. Para a vertical de Governo, esse número sobe para 50%. Espera-se um crescimento expressivo em 2024, com o mercado brasileiro alcançando a marca de US$ 1,7B em hardware, software, serviços e conectividade.
– Cibersegurança: O mercado de soluções de segurança manterá sua trajetória de crescimento robusto, atingindo cerca de US$ 1,7B no Brasil em 2024, o que representa crescimento de mais de 16% sobre o ano anterior. Veremos tecnologias de segurança emergentes, mais “modernas” e “inteligentes”, ganhando espaço no mercado global e aterrissando no Brasil, tais como Interconnected SaaS Security, Identity Fabrics, entre outras.
– Nuvem: As soluções de dados na nuvem, parte do chamado PaaS, somarão US$ 1,5B no Brasil em 2024, seguindo sua trajetória de crescimento acelerado. Esse avanço também movimenta o mercado de serviços de TI, que consumirá cerca de US$ 1,4B neste ano com consultoria, integração e suporte de projetos relacionados a dados.
– Inteligência Artificial: Ainda em estágios iniciais no Brasil, é esperado que os gastos com Inteligência Artificial Generativa mais que dobrem em 2024 no país, contribuindo para que a América Latina se aproxime a um total de US$ 120M relacionados à tecnologia. A necessidade de acelerar projetos gerará oportunidades para os provedores de serviços de TI e consultorias. É esperado que os gastos com serviços relacionados a IA e IA Generativa ultrapassem US$ 459M em 2024.
– Soluções de gestão: Este mercado, que considera pacotes como ERP, CRM, planejamento e produção e cadeia de suprimentos, vai alcançar US$ 5,6B em 2024 no Brasil, o que representa crescimento de 11,6% sobre o ano anterior. Deste total, a IDC estima que US$ 588M estarão associados às capacidades de inteligência embebidas nessas soluções. As plataformas analíticas e de AI somarão cerca de US$ 1,6B neste ano e terão sua importância ressaltada num cenário cada vez mais data-driven.
– Serviços Digitais: Globalmente, enquanto as soluções On-Premises para gerenciamento de redes passarão a perder participação a partir de 2024, o formato Cloud-Based acelera 24,3% ano contra ano até 2027. Somente os produtos de software para Application Performance e Network Performance, devem alcançar US$ 210M em 2024.
– Edge: Acima de uma discussão sobre CAPEX/OPEX, a prioridade de transformar TI em custo dinâmico agora está chegando também ao ambiente Edge, favorecendo os businesses cases. Os ambientes de Edge compostos por hardware, software e serviços devem absorver mais de US$ 4B até 2025 no Brasil.
– Devices: A IDC estima que o mercado brasileiro de Devices gere a soma de US$ 17,2B em 2024, ou seja, queda de 0,3% sobre o valor ajustado de 2023. Estimativas para alguns dos segmentos de Devices em 2024:
* Smartphones: US$ 9,8B
* Computadores: US$ 4,9B
* Wearables: US$ 698M
* Impressoras: US$ 569M
* Tablets: US$ 577M
– Devices com IA: Espera-se para 2024 o lançamento de diversas linhas de Devices como algum tipo de AI. Fabricantes apontam que tais lançamentos serão inicialmente embarcados em produtos Premium e que, até o fim deste ano, teremos produtos de entrada com alguns destes atributos. Notebooks Premium (acima de US$ 1.500) representarão 6,9% desse mercado brasileiro. Smartphones Premium (acima de US$ 800) representarão 5,9% de seu mercado no Brasil.
A prévia do Estudo Mercado Brasileiro de Software – Panorama e Tendências 2024 está disponível para download neste link.
Sobre a ABES
A ABES (Associação Brasileira das Empresas de Software) tem como propósito contribuir para a construção de um Brasil mais digital e menos desigual, no qual a tecnologia da informação desempenha um papel fundamental para a democratização do conhecimento e a criação de novas oportunidades para todos. Nesse sentido, tem como objetivo assegurar um ambiente de negócios propício à inovação, ético, dinâmico, sustentável e competitivo globalmente, sempre alinhado a sua missão de conectar, orientar, proteger e desenvolver o mercado brasileiro da tecnologia da informação.
Atualmente, a ABES representa aproximadamente 2 mil empresas, que totalizam cerca de 85% do faturamento do segmento de software e serviços no Brasil, distribuídas em 24 Estados brasileiros e no Distrito Federal, responsáveis pela geração de mais de 210 mil empregos diretos e um faturamento anual da ordem de R$ 80 bilhões em 2020.
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