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Hoje, por exemplo, existem mais de 12 mil criptos diferentes no mercado, de acordo com o site CoinMarketCap

Por Orlando Telles

Orlando Telles é sócio-fundador e diretor de research da Mercurius Crypto, casa de pesquisa em criptoativos

Muito se discute sobre quais seriam as reais finalidades dos criptoativos. Hoje, por exemplo, existem mais de 12 mil criptos diferentes no mercado, de acordo com o site CoinMarketCap. Existe a ideia da maioria dos investidores de que esta classe tem como único objetivo ser um meio de pagamento ou, no máximo, uma reserva de valor.

Entretanto, essa é uma visão equivocada do mercado de criptomoedas, especialmente após o advento das plataformas de contratos inteligentes, que permitem a geração de fluxo de caixa. Essas blockchains consistem em plataformas que podem desenvolver um contrato automaticamente executável através de códigos, o que abre a possibilidade para a criação de diversas aplicações.

Dentro desse escopo, é importante destacar dois setores principais: o mercado DeFi, que consiste em um mercado de soluções financeiras descentralizadas, e o Metaverse, indústria de entretenimento e jogos em blockchains.

Esses dois setores possuem diversos ativos com características distintas das principais criptomoedas, como o Bitcoin e Litecoin. Essas aplicações são capazes de gerar fluxo de caixa. Para entender como funciona essa dinâmica é fundamental compreender o conceito de DAO.

A DAO – Organização Autônoma Descentralizada é uma ideia semelhante à S.A — Sociedade Anônima, só que no universo de criptomoedas. Normalmente, as DAOs são criadas com a finalidade de realizar a governança de projetos do ecossistema de cripto.

A maioria desses projetos distribui tokens para a comunidade e permite que ela tenha poder de decisão nas alterações do protocolo, dando início não apenas a um conceito de rede, mas também à geração de valor desse token.

O token deste ativo representa um direito de governança sobre o projeto, no qual é possível tomar decisões que favoreçam o crescimento, como determinar de que maneira o caixa desses protocolos será alocado. Entre os principais protocolos que possuem essas características, estão os da Balancer, Yam Finance, Yearn Finance, Uniswap, mStable e Bancor.

Alguns destes protocolos já possuem um capital em tesouraria bastante significativo pela DAO, como é o caso da Uniswap, com US$ 3,3 bilhões, e da Compound, com US$ 1,25 bilhão, segundo dados do report da ConsenSys, empresa de tecnologia de software de blockchain.

O grande valor em caixa pode ser um excelente indicativo fundamentalista para os ativos, visto que aponta capital suficiente para que esses protocolos invistam em sua infraestrutura e expansão.

O caixa evidencia, ainda, um grande potencial futuro para pagamentos de “dividendos” aos holders dos tokens, algo que pode afetar o valor dos ativos de forma significativa. De acordo com o site The Block, algumas das principais aplicações do mercado de criptomoedas já faturam mais de US$ 100 milhões anualmente com taxas.

Em meio à queda do mercado de criptomoedas, os principais protocolos DeFi faturaram mais de US$ 370 bilhões, com destaque para a Uniswap, que registrou lucro de US$ 150 bilhões, e para Aave, protocolo de lending que obteve o maior lucro do segmento, faturando mais de US$ 60 bilhões.

Os números em torno dessas movimentações evidenciam que o mercado de criptoativo não é composto apenas por criptomoedas, mas por diversas aplicações com potencial para gerar ainda mais eficiência e transparência para o mercado.

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