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12 de abril de 2019

Desde o início da pandemia, a maior parte das pessoas que sente piora em relação à carreira teve o salário diminuído

O grande índice de trabalhadores com a saúde mental abalada em função da pandemia e o modelo de trabalho remoto, que virou realidade para grande parte das pessoas, têm preocupado gestores e profissionais da saúde.

pandemia

É possível tornar a gestão de pessoas na pandemia mais humanizada com uma mudança de prioridades e conceitos.

Por que humanizar a gestão de pessoas é algo urgente?


Desde o início da pandemia, grande parte das empresas, seus gestores e funcionários se viram obrigados a adaptar a forma de trabalho para o home office.

Um modelo que, em outras situações, representava o desejo de muitos colaboradores por conta da flexibilidade, acabou desencadeando insatisfações, desgastes e sintomas emocionais.

Por outro lado, trabalhadores de atividades essenciais ou que precisaram continuar a trabalhar presencialmente enfrentam o medo de expor a si próprios e seus familiares à Covid-19.

Em ambos os casos, o cenário pandêmico somado à rotina de trabalho tem afetado a saúde mental de trabalhadores. Pesquisa realizada pela consultoria estratégica Oliver Wyman, realizada entre os anos de 2020 e 2021, apontou que:

68% dos trabalhadores sentiu piora na carreira ao longo do último ano – as duas principais razões foram impacto na renda (37%) e saúde mental (37%);

32% dos trabalhadores precisaram buscar ajuda para tratar depressão ou ansiedade causadas pelo impacto na saúde mental e na renda, decorrentes do trabalho.

Em complemento, uma pesquisa da Oracle especificamente sobre home office durante a pandemia, mostrou que 87% dos brasileiros têm enfrentado problemas enquanto trabalha remotamente:

Carga horária excessiva – 42% estão trabalhando mais de 40 horas a mais por mês;

Síndrome de Burnout – 21% relataram casos de esgotamento profissional, que afeta aspectos físicos e emocionais da pessoa;

– Vida pessoal X vida profissional – 43% deles não conseguem separar as atividades;

– Queda no desempenho – 66% afirmam que o estresse, ansiedade ou depressão no local de trabalho contribuíram para a redução da eficiência e engajamento no trabalho;

– Insegurança – 61% possuem dificuldades para tomar decisões no trabalho.

– Vida doméstica afetada – 90% afirmaram que problemas de saúde mental no trabalho afetaram a vida pessoal em casa;

– Pressão e tarefas exaustivas – 44% afirmam sentir pressão para atender a padrões de desempenho e 39% dizem ter cargas de trabalho imprevisíveis.

Existem sinais que demonstram que um colaborador pode estar passando por exaustão profissional ou desgaste emocional. Fique atento se os seu/s funcionário/s:

– Apresenta queixas recorrentes de dor de cabeça, dor cervical e/ou dor de estômago;

– Parece distante e não interage com a equipe como antes;

– Fica muito tempo com a câmera desligada em reuniões (se esse é um hábito presente em sua empresa);

– Está com fala e semblante inexpressivos, tristes ou desanimados;

– Demonstra queda na produtividade.

Como humanizar a gestão de pessoas durante a pandemia no home office

Considere mudar suas prioridades –Se antes os gestores se preocupavam mais em controlar a carga de horário diária dos funcionários, uma mudança válida é focar mais no cumprimento de prazos das entregas e em manter a qualidade dos trabalhos.

Quando transferimos o local de trabalho do escritório para o lar de cada um da empresa, é praticamente inviável padronizar os horários de todos, durante todo o expediente.

Considere que cada pessoa tem uma rotina dentro de casa, que envolve familiares, horários de pausa, eventuais obrigações domésticas, entre outras questões.

Adicione a isso os impactos emocionais que uma pandemia causa – como preocupação com a saúde própria e de familiares, luto, crises socioeconômicas no país, sensação de incerteza sobre o futuro – é natural que cada colaborador tenha seu modo de produzir alterado.

Tenha os processos de trabalho bem estabelecidos –Se organizar processos de trabalho, alinhar entre todos da equipe e mantê-los em funcionamento já é uma tarefa árdua quando todos trabalham no mesmo local, em tempos de home office pode ser ainda mais desafiador.

Por issoé importante investir tempo antes de começar cada projeto para estruturá-lo, distribuir funções, explicar o que e como tarefa deverá ser feita e qual o prazo de entrega.

Isso evita refações de trabalho, acúmulo de tarefas, desvio de função, reuniões desnecessárias e sobrecarga de última hora para cumprir com prazos – tudo o que contribui para o esgotamento profissional e mau aproveitamento do tempo. Para evitar essas situações:

Use plataformas de gerenciamento de projetos, que permitem que todos visualizem o que está por fazer, o que está em andamento e o que foi concluído. Alguns exemplos são o Trello e o Monday;

Tenha um canal para se comunicar com todos da equipe – para evitar perder tempo com mensagens individuais. O ideal é que seja uma plataforma exclusiva para o uso profissional, como o Slack e Skype;

Faça uma reunião fixa no início de toda semana com todos da equipe para alinhar as tarefas e discutir os projetos. Se necessário, marque um follow up no meio da semana para acompanhar o que está em andamento e se há alguma dificuldade.

Reconheça e recompense de forma justa quem trabalha com você –Sabe-se que a pandemia trouxe insegurança financeira para todos, inclusive donos de empresas, sobretudo as micro e pequenas.

Desde o início da pandemia, a maior parte das pessoas que sente piora em relação à carreira teve o salário diminuído. Os colaboradores são responsáveis por permitir que seu negócio continue em funcionamento e estão trabalhando para isso, assim como você.

Certifique-se que sua equipe é remunerada adequadamente, de acordo com o cargo e tempo de trabalho;

– Incentivos e reconhecimento devem ser expressados em atitudes e palavras, mas a questão financeira é um ponto essencial;

– O reconhecimento não deve ser medido com base no retorno financeiro que o colaborador proporciona, necessariamente. Considere outros fatores, como engajamento no trabalho, prestatividade, participação em ideias e resolução de problemas etc.

– Programe-se para imprevistos, que fazem parte do novo modelo de trabalho –Considere que, assim como você, em home office as pessoas estão sujeitas a ruídos externos durante a reunião, problemas elétricos, falhas nos equipamentos para trabalho.

Podem precisar se ausentar por determinado tempo para atender a necessidades de filhos pequenos, familiares idosos, ou até mesmo ficar doente em razão da covid-19 ou outro problema de saúde.

Ter um planejamento que considera imprevistos como esses é uma forma de não colocar sua equipe em estresse para resolver problemas de última hora, ou fazer com que funcionários se sintam culpados por terem que cuidar da própria saúde.

– Tenha contato de pessoas de confiança, como freelancers, que podem fazer algum trabalho pontual caso algum colaborador precise se ausentar;

– Programe prazos de entrega de trabalho realistas, que considerem imprevistos cotidianos e até dias de menor produtividade, que podem acontecer;

– Caso consiga, ofereça estrutura da empresa para colaboradores que possuem aparelhos em mau estado para o trabalho, como notebook, webcam, microfone etc.

– Monitore os tempos de pausa dos colaboradores –Não estamos mais nos referindo ao velho controle de horário de pausa para o café ou almoço. Em tempos de home office, uma das práticas que mais levam o colaborador à exaustão profissional é a mistura do tempo de trabalho com a vida pessoal doméstica.

Por mais que os horários de trabalho estejam mais flexíveis, é importante estipular o horário de início e encerramento das atividades, e ficar atento se os funcionários não estão trabalhando a mais.

– Incentive que seus colaboradores façam pequenas pausas a cada uma hora de produção;

– Não aceite que façam horas extras ou trabalhem aos finais de semana, ao menos que seja algo combinado com antecedência e que esteja de acordo com as normas trabalhistas;

– Combine com a equipe que turnos de trabalho feitos fora do horário, como tarde da noite, por exemplo, devem ser compensados com descanso proporcional durante o dia;

-Dê o exemplo! Não mande mensagens e e-mails para a equipe fora dehora ou faça algo que indique que trabalhou até tarde ou aos finais de semana. Alguns colaboradores podem se sentir coagidos a fazer o mesmo.

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